Trump pede ao Congresso lei bipartidária para reduzir armas e afasta-se da NRA

O Presidente norte-americano, Donald Trump, pediu esta quarta-feira ao Congresso que aprove uma lei ampla e bipartidária para reduzir a violência armada nas escolas do país, surpreendendo por se demarcar do poderoso lóbi das armas.

Trump recebeu na Casa Branca um grupo de congressistas e senadores republicanos e democratoas, e acusou alguns deles de terem medo da Associação Nacional de Espingardas (NRA, na sigla em inglês), um poderoso grupo de pressão que se opõe a maior controlo das armas.

"Alguns de vocês estão petrificados [de medo em relação] à NRA e não podem estar", disse Trump.

O mandatário assegurou estar disposto a desafiar essa organização em algumas propostas e opinou que, em vez de aprovar leis separadas, o ideal seria fazer passar uma única medida legislativa que aborde vários dos problemas relacionados com os frequentes tiroteios em escolas - como o que causou 17 mortos em fevereiro num liceu em Parkland, Florida - e noutros lugares do país.

"Se todos vocês se conseguirem unir e impulsionar uma grande peça legislativa, creio que podem ter um resultado incrível no Congresso", defendeu.

O Presidente prognosticou que o Senado norte-americano, que em 2013 não aprovou qualquer medida após um tiroteio em que morreram 20 crianças em Newtown (Connecticut), conseguirá agora reunir "mais de 60 votos" para aprovar uma lei de controlo das armas.

"Vai ser um voto com mais sucesso, e eu irei assiná-lo", declarou.

Donald Trump disse estar a pensar sobre a possibilidade de aumentar de 18 para 21 anos a idade mínima para comprar espingardas semiautomáticas, como a utilizada no tiroteio de Parkland, uma proposta rejeitada pela NRA.

O Presidente recordou que no passado domingo almoçou com responsáveis da NRA, que identificou como "patriotas que amam" o seu país, mas realçou que "isso não significa" que tenha de estar de acordo com eles.

Até agora, Trump tinha sido cauteloso para não contradizer a NRA, um grupo que doou 30 milhões de dólares (25 milhões de euros) para a sua campanha presidencial de 2016 e a quem prometeu que teriam "um amigo na Casa Branca".

O mandatário disse aos congressistas que não deveriam preocupar-se se a NRA os "apoiou" nas suas campanhas eleitorais e defendeu que serão "mais populares se fizeram algo" sobre as armas.

"[A NRA] tem um grande poder sobre vocês. Tem menos poder sobre mim", garantiu.

O senador democrata Chris Murphy, que representa o estado do Connecticut e que tentou fazer passar um maior controlo das armas após o tiroteio de Newtown, disse ao Presidente que, na sua opinião, estava a "subestimar o poder" da NRA.

"O grupo de pressão das armas teve poder de veto de cada legislação que passou pelo Congresso", sublinhou Murphy.

Até ao final desta semana, o chefe de Estado norte-americano deverá apresentar propostas definitivas para reduzir a violência armada nas escolas do país, depois de ter lançado algumas sugestões nos últimos dias, entre as quais a polémica ideia de armar "entre 10 e 20 por cento" dos professores do país.


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