China ameaça aumentar impostos sobre importações oriundas dos EUA

A China anunciou que poderá aumentar os impostos sobre as importações de vários produtos norte-americanos, que em 2017 representaram três mil milhões de dólares nas compras a Washington, em retaliação a medidas similares dos Estados Unidos.


O ministério do Comércio chinês instou Washington a negociar uma solução para o conflito sobre as tarifas decretadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre as importações de aço e alumínio oriundos da China.


Num outro comunicado, o ministério criticou também a decisão de Trump de aprovar uma possível subida das taxas alfandegárias sobre produtos tecnológicos chineses, numa retaliação contra a alegada fraca proteção dos direitos de propriedade intelectual por Pequim.


O ministério chinês classificou aquela medida como "protecionista".


A possibilidade de uma guerra comercial entre Pequim e Washington abalou as praças financeiras em todo o mundo.


O índice japonês Nikkei 225 abriu a cair 3,5%, enquanto a bolsa de Xangai, principal praça financeira da China, recuou 3,1% na abertura.


O dólar norte-americano desvalorizou para 104.85 yen, à medida que os investidores compram moeda japonesa, considerada mais segura.


A China está a estudar um aumento de 25% nas taxas alfandegárias sobre o porco e alumínio norte-americanos, em retaliação pelo aumento no mesmo valor decretado por Trump sobre o aço oriundo do país.


Uma segunda lista de produtos norte-americanos afetados inclui vinho, maçãs, etanol e tubos de aço, em retaliação pelo aumento de 15% dos impostos sobre as importações de alumínio chinês.


O ministério detalhou que, no conjunto, a China comprou três mil milhões de dólares (2,4 mil milhões de dólares) daqueles produtos aos EUA, no ano passado.


Isso seria o equivalente a menos de 1% do valor total das importações chinesas de bens norte-americanos, e muito aquém do montante afetado pela ordem de Trump, que irá permitir a imposição de taxas mais altas a bens tecnológicos chineses.


Associações de empresários dos EUA alertaram Trump para os efeitos negativos sobre a economia e exportações do país.


As empresas temem que a disputa comercial evolua numa lógica de "dente por dente", que poderá afetar o comércio mundial.


Na terça-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, apelou a Washington para que "aja racionalmente", afirmando que Pequim "não quer uma guerra comercial".


O aumento das taxas sobre o alumínio e aço têm pouco impacto para a China, visto que apenas uma pequena fração das exportações chinesas daqueles produtos têm como destino os EUA.


Mas analistas dizem que o país se sentirá obrigado a retaliar, para evitar parecer fraco numa disputa ao mais alto nível.


O ministério do Comércio chinês afirmou que taxas alfandegárias mais altas "prejudicam gravemente" o sistema comercial global e rejeitou a afirmação de Trump, de que estas são necessárias para proteger a segurança nacional.


"O lado chinês apela ao lado norte-americano para que atenda as preocupações do lado chinês o mais depressa possível", afirmou o ministério, exortando ao diálogo para "evitar danificar a cooperação" entre os dois lados.


Pelas contas do Governo chinês, no ano passado, a China registou um superavit de 275,8 mil milhões de dólares (223,5 mil milhões de euros) no comércio com os Estados Unidos.


As contas de Washington fixam o superavit chinês ainda mais acima, em 375,2 mil milhões de dólares (304,1 mil milhões de euros).


Já a ordem dirigida aos produtos tecnológicos chineses resulta das queixas de Washington sobre as práticas da China na área da propriedade intelectual.


Os EUA acusam Pequim de exigir indevidamente que as empresas estrangeiras transfiram tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês.


Várias empresas, incluindo fabricantes de automóveis que querem operar na China, são obrigadas a trabalhar com parceiros locais, o que implica transferirem tecnologia para potenciais competidores.


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