Cidadela em estado de revolta: Moradores denunciam situação de caos e pedem intervenção urgente das autoridades

A situação é de caos e revolta, com estradas esburacadas e falta de água, iluminação pública e segurança. O SOS é lançado, em carta dirigida ao Presidente da Câmara da Paria com cópia ao Provedor da Justiça, pelos residentes da Cidadela da Cidade da Praia, um bairro que foi projectado numa área de 113 hectares e concebido pela Tecnicil Imobiliária para acolher mais de 20 mil habitantes.

O documento, a que este jornal teve acesso, foi remetido, no dia 22, a várias entidades nacionais, com destaque para o Presidente da Câmara da Praia, Óscar Santos, com cópia ao Provedor da Justiça, António Espírito Santos da Fonseca. Os residentes - estão representados através de um núcleo composto por cinco moradores - avisam estar revoltados com a situação de caos por que passam – estradas esburacadas, sem água na rede e iluminação pública – desde que compraram os respectivos lotes ou casas na Tecnicil Imobiliária.

«Moradores do Bairro de Cidadela consideram-se ignorados e discriminados pela Câmara Municipal Praia e pela Águas de Santiago (ADS) e pedem esclarecimento público e intervenção das autoridades competentes na resolução do problema referido», lê-se na carta acima indicada.

Segundo a mesma fonte, os residentes denunciam, uma vez mais, o estado de abandono em que se encontram e consideram-se ignorados e discriminados pela Câmara Municipal da Praia e pela empresa Águas de Santiago.

A missiva faz questão de realçar que, em Junho de 2017, um grupo de moradores deste Bairro, foi recebido em audiência pelo Presidente da Câmara Municipal da Praia, onde expôs um conjunto de problemas que a Cidadela vinha enfrentando, como a falta de acesso à água da rede pública, a deficitária ou mesmo inexistente iluminação pública, as péssimas condições das vias de acesso completamente esburacadas, a inexistência de um plano toponímico, a falta de espaços de lazer e áreas verdes e a inexistência de sinalização nas principais vias de acesso ao bairro. A carta acrescenta que, dentre os vários compromissos assumidos pelo Presidente da Câmara, então amplamente divulgados nos órgãos de comunicação social, destacam-se a asfaltagem das estradas de Cidadela em novembro de 2017, esclarecendo, entretanto, que isso só viria acontecer após a ligação da água pela empresa ADS (Águas de Santiago).

«Ultrapassada largamente a data prevista para a resolução dos problemas acima mencionados e no momento em que todos os moradores aguardam ansiosamente pela prometida ‘prenda’, a ligação à rede pública de água e a asfaltagem das estradas, vieram a ADS e a Câmara Municipal da Praia realizar testes nas redes de água e obras de asfaltos em apenas algumas ruas “cirurgicamente” escolhidas. Porque os moradores do bairro se sentem, com este ato, ignorados, discriminados e um total desrespeito pelas autoridades mencionadas e perante o total silêncio dessas instituições, apelam para o esclarecimento público das mesmas e a intervenção das autoridades competentes na resolução do problema», exigem os residentes da Cidadela.

Cidadela e compra dos lotes na Tecnicil

A carta que vimos citando lembra, por outro lado, que o Bairro foi projectado numa área de 113 hectares e concebido para acolher mais de 20 mil habitantes, comércios, zonas públicas de serviço e lazer, entre outros. «Em 2004, a Empresa TECNICIL, SA, colocou à venda mais de dois mil lotes de terrenos no referido Bairro que, segundo o projeto então apresentado, devia ser a referência da Capital devido à sua infra-estruturação ser feita de raiz, harmonizando as vivendas, os blocos de apartamentos, as áreas para o comércio e turismo, equipamentos coletivos e áreas de lazer, tornando assim o novo Bairro (Cidadela) num projecto urbanístico mais ambicioso alguma vez concebido para a Cidade da Praia. Aliás, a campanha publicitária denominava Cidadela – “A Cidade do Futuro», destaca.

Mas para os moradores, embora hoje o Bairro de Cidadela é considerado um importante centro habitacional da Cidade da Praia por albergar uma boa parte da classe média alta do país, a prometida “Cidade do futuro” não ficou devidamente infraestruturada e urbanizada, porquanto ficou desprovida de vias de acesso e de instalações para as redes de água, esgoto, energia eléctrica, entre outros. Isto ao ponto de levar os residentes deste Bairro ao desespero não só pelo avultado investimento feito, mas também pela precária condição de habitabilidade.

«Os moradores estão determinados a irem até às últimas consequências, exigindo das entidades competentes o cumprimento das suas responsabilidades», pontua os moradores na carta, precisando que, além de várias outras ações previstas, já solicitaram a intervenção de diversas entidades públicas e privadas, como o Presidente da República, o Primeiro-Ministro de Cabo Verde, o Provedor da Justiça, o Presidente da Assembleia Nacional, o Presidente da Assembleia Municipal da Praia, a Associação Pro-Praia e ADECO.

A missiva, que vimos citando, é subscrita por um núcleo representativo dos residentes, que integra Gertrudes Silva de Oliveira, Paulo Medina, Marcelino Alvarenga Martins, José Lino Tavares e Felisberto Moreira.

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