Número de deslocados à força subiu para 68,5 milhões

O alto-comissário para os refugiados da ONU, Filippo Grandi, disse em conferência de imprensa que "este número é o resultado de guerras prolongadas, da falta de solução para as crises que ainda continuam, a da pressão contínua sobre os civis em países com conflitos que os forçam a deixar as suas casas e crises novas ou agravadas como os Rohingya ou na Venezuela".

O "Relatório Mundial sobre Tendências em Deslocamento Forçado" da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) revela que das 68,5 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo, 25,4 milhões são refugiados, 40 milhões são deslocados internos e 3,1 milhões de requerentes de asilo.

No ano passado, cerca de 16,2 milhões de pessoas foram deslocadas pela primeira vez, incluindo 11,8 milhões de pessoas deslocadas dentro das fronteiras do seu próprio país e 4,4 milhões de novos refugiados e requerentes de asilo.

O ACNUR contabiliza uma média de 44.400 novos deslocados todos os dias.

Por outro lado, há também muitas pessoas a regressar aos seus países ou áreas de origem para tentar reconstruir as suas vidas, incluindo 4,2 milhões de pessoas de deslocados internos e pelo menos 667.400 refugiados.

No ano passado, cerca de 2,7 milhões de pessoas foram registadas como novos refugiados, duas vezes mais do que um ano antes, principalmente sudaneses do sul, sírios, rohingya, centro-africanos, congoleses, burundeses, eritreus, sudaneses, nigerianos, malianos e somalis.

Por outro lado, havia 1,9 milhões de pedidos de asilo no mundo em 2017, menos que os 2,2 milhões do ano anterior (2016).

Os Estados Unidos foram pela primeira vez o primeiro país a receber novos pedidos de asilo, com 331.700, à frente da Alemanha (198.300) e da Itália (126.500).

Segundo Grandi, 70% dos deslocados forçados vêm de apenas 10 países, o que "significa que, se houvesse soluções para os conflitos naquelas nações, o número global poderia começar a cair".

Tal como em anos anteriores, a Síria continuou a ser o país com mais deslocamentos forçados no mundo, com 12,6 milhões no final de 2017, dos quais 6,3 milhões eram refugiados, 146.700 requerentes de asilo e 6,2 milhões de pessoas deslocadas internamente.

A Colômbia tinha a segunda maior população de deslocados, com 7,9 milhões de vítimas do conflito, que durou mais de 50 anos, dos quais 7,7 milhões foram deslocados internamente, sendo seguida pela República Democrática do Congo, país imerso num processo de paz frágil com 5,1 milhões de deslocados.


Afegãos (4,8 milhões), sul-sudaneses (4,4 milhões), iraquianos (3,8 milhões), somalis (3,2 milhões), sudaneses (2,7 milhões), iemenitas (2,1 milhões), nigerianos (2 milhões) e ucranianos (2 milhões) completam a lista de dez países com o maior número de deslocados forçados.


De acordo com Grandi, o principal "ponto quente" no ano passado foi o Bangladesh, que acolheu quase um milhão de refugiados Rohingya depois de no ano passado 655.500 pessoas daquela minoria muçulmana terem fugido do estado birmanês de Rakáin, a maioria em apenas cem dias devido a uma nova onda de violência.


Entre as situações de destaque em 2017, o alto comissário da ONU destacou também a "deterioração das condições na Venezuela", país que foi abandonado nos últimos anos por mais de 1,5 milhão de cidadãos.


Em 2017, os venezuelanos enviaram 111.600 pedidos de asilo no mundo, um número que está apenas atrás dos afegãos, sírios e iraquianos e que é mais de três vezes superior às 34.200 petições registadas em 2016 e quase onze vezes o observado em 2015.


No ano passado, 345.600 venezuelanos foram registados na categoria de "outros grupos de interesse", ou seja, não são deslocados à força, mas ainda precisam de proteção e assistência.


Categoria:Noticias

Deixe seu Comentário