Cidadão português entra no terceiro dia de greve de fome à frente do edifício do Centro Comum de Vistos

Ainda com alguma alegria na cara e em jeito de humor diz que esta segunda noite na rua “não foi má”, uma vez que um amigo lhe ofereceu um colchão e um cobertor.

Fisicamente, este cidadão parece bem, mas o raciocínio começa a experimentar “alguma lentidão” na articulação das palavras.

“Fisicamente, estou bem mas o raciocínio começa a falhar-me um bocadinho. São muitas perguntas por parte de pessoas e a gente começa a ficar um pouco cansada em termos do raciocínio”, precisou Carlos Pereira, que promete continuar em greve de fome até que a sua mulher consiga o visto para o acompanhar a Portugal.

Carlos Pereira é casado há três anos com a cabo-verdiana Dulce Leal de Brito Guterres Pereira e quer levar a esposa para passarem juntos as férias em Portugal, mas o CCV tem recusado visto à companheira.

Afirma que está em Cabo Verde há oito anos, viveu maritalmente com Dulce Pereira durante um ano e meio e que há três que estão casados.

Perguntado sobre onde tem estado a fazer as suas necessidades fisiológicas, disse que ontem à noite uma pessoa de uma empresa ao lado do CCV lhe disponibilizou a casa de banho.

Neste momento, de acordo com as suas palavras, apenas consome água com um pouco de sal e açúcar.

“Do CCV e da minha embaixada ninguém me ofereceu sequer um copo de água”, queixa-se Carlos Pereira, acrescentando que foram alguns amigos e a própria esposa que lhe têm matado a sede.

Perguntado se tem recebido visita da Comissão Nacional dos Direitos Humanos e Cidadania respondeu que não.

“Podia receber visita dos direitos humanos, mas as autoridades cabo-verdianas nada têm a ver com a minha situação. Aos cidadãos e entidades cabo-verdianos só tenho a agradecer os apoios que me têm dado”, frisou

“O meu país que devia preocupar-se comigo e não Cabo Verde, se os direitos humanos existem em todo o mundo”, sublinhou Carlos Pereira.

Instado se tenciona accionar a comissão dos direitos humanos da União Europeia, asseverou que quando chegar a Portugal vai “accionar tudo”.

Congratula-se, no entanto, com a forma como a comunicação social cabo-verdiana tem tratado o seu caso, mas o mesmo já não diz o mesmo em relação aos media portugueses.

“No meu país, saiu hoje num jornal uma notícia que devia estar na primeira página e parece mais notícia de um produto para lavar carros. Se fosse um árabe nesta minha situação, a notícia saltava para as primeiras páginas dos jornais”, lamenta Carlos Pereira.

Com 60 anos, promete prosseguir com a greve de fome até que a mulher consiga o visto a que tem direito, segundo ele.

“Depois de morto, a minha mulher vai conseguir o visto, porque ela está casada comigo”, concluiu Carlos Pereira que tencionava seguir viagem nesta sexta-feira.

A Inforpress quis saber junto da Comissão Nacional dos Direitos Humanos e Cidadania se está a fazer algo em prol deste grevista, a resposta que obteve é que não sabiam do caso e que vão procurar inteirar-se do mesmo.

Há três dias que o cidadão português entrou em greve de fome. ASemana/Inforpress


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