Golan em mãos de Israel. Mais protestos contra "acto de pirataria" de Trump

O antigo deputado trabalhista George Galloway declarou em entrevista à televisão russa Russia Today que a atribuição de soberania do território sírio dos Golan a Israel constitui "um acto de pirataria que enviará uma mensagem clara ao mundo inteiro, de que os EUA não se importam nada com o direito internacional ou com os tratados, apenas com a força".
Os Montes Golan têm para Israel utilidade militar, mas são também uma das suas três fontes principais de água potável. Desde 2015, são conhecidas também as suas importantes reservas de petróleo, entretanto atribuídas em exclusivo à petrolífera norte-americana Genie, através da sua filial israelita.
Por isso, disse também Galloway que "os EUA irão subscrever qualquer crime israelita enquanto forem favorecidos os seus interesses imperiais no mundo árabe". E explicou que "as reservas petrolíferas dos Golan já estão a ser roubadas em violação absoluta da lei internacional e para maior enriquecimento dos homens de negócios ocidentais".
Mais inesperada do que a condenação de Galloway, ele próprio um crítico de longa data de Israel e dos Estados Unidos, foi a posição assumida pelo príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.

O príncipe, um aliado tradicional e cliente da indústria bélica dos EUA, tem-se mantido como tal resistindo nisso às mais difíceis contrariedades, desde a descoberta da sua implicação no assassínio do jornalista do Washington Post Jamal Khashoggi até às primeiras veleidades de congressistas norte-americanos condenarem o genocídio cometido no Iémen, em especial pela força aérea saudita.

Agora, fez contudo publicar uma declaração na Saudi Press Agency, citada no diário israelita Haaretz, afirmando, a propósito da soberania israelita nos Golan, que "tentativas de impor um facto consumado não mudam os factos". A declaração prossegue, lembrando que os Golan são "terra síria árabe ocupada, segundo as resoluções internacionais relevantes".
E adverte também que o passo agora dado pela Casa Branca "vai ter um impacto negativo importante no processo de paz no Médio Oriente e na segurança e estabilidade da região".

À declaração de bin Salman, juntou-se hoje também a do Bahrain, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros emitiu uma declaração reafirmando que "os Montes Golan são território árabe e sírio, ocupado por Israel desde junho de 1967, como é confirmado pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU".

Duas outras monarquias do Golfo, Kuwait e Qatar, emitiram também declarações de condenação.
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