Denúncia de desvio de alimentos em Moçambique partiu da Oikos, garante ONG

João José Fernandes confirmou ainda que as oito pessoas detidas pela polícia moçambicana na passada sexta-feira, incluindo o coordenador da base de Nhamatanda e autor da denúncia, tinham sido contratadas pela Oikos e pelo parceiro de consórcio, a italiana CEFA, há cerca de três meses.

Segundo explicou, o coordenador, que "está detido para averiguações até ser ouvido em tribunal, o que acontecerá provavelmente amanhã [quarta-feira]", terá detetado o desvio e alertou as autoridades moçambicanas, que apanharam os autores em flagrante delito.

"Quando foram presos, desculparam-se, dizendo que estavam a guardar os alimentos e que aguardavam instruções do coordenador", adiantou João José Fernandes, salientando que "os mecanismos de monitorização e controlo implementados pela Oikos" para impedir situações deste género funcionaram.

Entre os implicados, estão pessoas contratadas para o apoio logístico pelo consórcio Oikos/CEFA, que gere um projeto de distribuição de alimentos financiado pelo Programa Alimentar Mundial.


Em causa estavam excedentes alimentares (12 sacos de arroz, 11 sacos de feijão e 22 caixas de óleo alimentar) que não tinham sido devolvidos ao armazém depois da última distribuição, mas que acabaram por ser recuperados no próprio dia.


"Atuámos como devíamos atuar", sublinhou o diretor-executivo da ONG, acrescentando que a Oikos "tem procedimentos de controlo básicos na saída, distribuição e retorno dos bens" e está a colaborar com as autoridades.


Reforçou ainda que a organização tem um "código de conduta interna" e abriu um inquérito interno para averiguar se os procedimentos foram cumpridos e o envolvimento dos colaboradores contratados.


Embora lamente o sucedido, João José Fernandes afirmou que não há motivos para pôr em causa a reputação da Oikos, destacando que é importante ter "confiança nos sistemas de controlo interno" porque permitem detetar os desvios.


Admite, no entanto, algum impacto negativo na opinião pública. "É triste que isto aconteça, mas não acredito que venha a ter um impacto maior", frisou, acrescentando que o PAM vai continuar a financiar os projetos da Oikos.


O responsável da organização lembrou que a Oikos está presente há 30 anos em Moçambique e distribuiu nos últimos três meses mil toneladas de alimentos a 35 mil famílias, num total de 175 mil beneficiários.


O ciclone Idai atingiu o centro de Moçambique em março, provocando 604 vítimas mortais e afetando cerca de 1,8 milhões de pessoas.


Categoria:Noticias