Militares preparados para pior cenário apesar de a situação na República Centro-Africana (RCA) estar estável

"É sempre um risco, mas os militares que saem hoje para a República Centro-Africana estão preparados e têm uma situação que é mais favorável. A nossa análise [aponta] para que a situação deve continuar no sentido da estabilização, mas eles estão preparados para se a situação piorar", afirmou João Gomes Cravinho, que falava aos jornalistas, em Lisboa, na cerimónia de despedida da 6.ª Força Nacional Destacada (FND) que parte para a República Centro-Africana.

No total, são 135 os elementos desta FND que vão partir para a RCA, com regresso agendado para março, juntando-se aos 44 militares portugueses que já se encontram no terreno.

Entre o contingente encontram-se 177 elementos do Exército e três da Força Aérea. Deste grupo fazem parte 11 mulheres.

O ministro da Defesa enalteceu ainda o trabalho destes profissionais para a promoção da paz naquele país, destacando também o prestígio para Portugal.


João Gomes Cravinho mostrou-se confiante na preparação dos militares portugueses, que estão "em condições de desempenhar a sua missão em plenitude".


"A importância é decisiva. Naquele país temos um acordo de paz (...) e o que está agora em jogo é a continuidade desse trabalho", concluiu.


Responsável pelo contingente está o capitão Correia, que explicou que estes militares estão prontos a intervir em qualquer situação, como, por exemplo, no controlo de tumultos.


"É um teatro muito volátil e estamos preparados para isso. Felizmente, (o cenário) tem estado mais calmo, mas estamos preparados para o pior", assegurou.


Por sua vez, a tenente e médica Joana Ramalho, uma das 11 mulheres que integram o grupo, mostrou-se entusiasmada com o novo desafio.


"Ser mulher é um fator que dificulta, não vou negar, (...) contudo, somos uma mais-valia para o grupo. É difícil separarmo-nos da família durante seis meses, mas vou confiante. Vou ter novos desafios e vai ser bom a nível profissional", defendeu.


Ainda hoje vai regressar a Portugal a 5.ª FND, após terminar a missão iniciada em 11 de março.


A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.


O Governo centro-africano controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.


Um acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, no início de fevereiro pelo Governo e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.


Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da MINUSCA, cujo 2.º comandante é o major-general Marcos Serronha, onde agora tem a 5.ª FND e militares na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana, cujo 2.º comandante é o coronel Hilário Peixeiro.


 

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