São Nicolau: Operadores denunciam prejuízos avultados por falta de desembarque de mercadorias na ilha

O porta-voz dos empresários, que procurou o Asemanaonline para denunciar tal situação, contesta que, além da deficiente ligação marítima - uma vez por semana, este atraso na descarga de produtos está a prejudicar a classe, com prejuízos elevados para a ilha do Chiquinho. « Já realizámos duas deslocações de transportes entre Ribeira Brava e Tarrafal para levantar cargas e tudo por nosso custo. Além disso, o atraso na entrega das mercadorias afeta os comerciantes no fornecimento de produtos aos seus clientes. O mesmo acontece com as costureiras que mandaram trazer da Praia vários produtos para trajes do carnaval e estão ainda paradas à espera deles para começarem a confeção dos trabalhos encomendados pelos diferentes grupos carnavalescos locais. Há também empreiteiros com obras paradas por causa de materiais, com destaque para pedras para revestimentos, que não foram também desembarcadas no porto do Tarrafal junto com as demais cargas», criticou Carlos Andrade, salientando que há ainda operadores que estão à espera das suas mercadorias, embarcadas a partir do Mindelo, no mesmo barco.

Para a mesma, além de ser quase que insólito, é grave o que está a acontecer neste momento em termos de ligações marítimas. Tudo por desorganização no sector dos transportes e portos, afectando sobretudo a ilha de São Nicolau. «Além da ligação deficiente com a ilha, o navio Praia d’Aguada, sob gerência da agência Polar, escalou duas vezes, em 36 horas, o porto do Tarrafal, sem deixar as cargas locais que transportou na rota S.Vicente-São Nicolau -Santiago».

O porta-voz dos comerciantes resume que tudo começou com o embarque das cargas, na última sexta-feira, na Praia. «Na segunda-feira,20, o barco atracou, por volta da 8 horas, no porto do Tarrafal, desembarcou os passageiros, mas seguiu com as cargas rumo a S.Vicente. Regressou, esta terça-feira,21, por volta das 22 horas, a S.Nicolau, fez desembarque de passageiros, mas seguiu, com as mesmas cargas, via a Capital», disse o entrevistado deste jornal, salientando que poderão levar uma semana para tomar as suas mercadorias, já que se prevê a chegada do barco só no dia 26 deste mês.

Carlos Andrade assevera que tentaram em vão ouvir a administração da agência Polar sobre o que terá estado na origem desta situação e as responsabilidades a serem assacadas, mas adianta que responsáveis da Secção de Carga na Praia e da representação da agência no Tarrafal recusaram-se a fornecer os contactos.

Esclarecimentos da agência e Enapor

Entretanto, a Inforpress conversou com uma funcionária da agência que respenta a CV Interilhas sobre o assunto. Esta explicou que na segunda-feira, 20, o navio não fez a descarga porque as mercadorias destinadas a São Vicente encontravam-se sobrepostas às de São Nicolau.

No entanto, no dia seguinte, quando o navio chegou por volta das 22:30, os estivadores da Enapor recusaram-se a trabalhar, alegando que não recebem “horas extras”, acrescentou.

Perante esta situação, a agência disse que se mostrou disposta a pagar e arranjar mais trabalhadores, mas que a Enapor recusou a proposta.

Segundo ainda a Inforpress, a responsável da Enapor explicou, por seu lado, que na segunda-feira o porto e os trabalhadores estiveram prontos para trabalhar, mas que a agência “preferiu seguir com o barco para São Vicente para não pagar os custos adicionais”, porque era feriado -20 de Janeiro.

Contou ainda que, no dia seguinte, a agência fez uma requisição de estivadores às 23:00, quando o barco chegou às 22:30, sabendo que esse pedido deve ser feito quatro horas antes, “como mandam os regulamentos”.

Na manhã desta quarta-feira,22, quando o barco seguiu rumo à Cidade da Praia, a responsável da Enapor garantiu que seus trabalhadores estavam dispostos a trabalhar, mas que a agência “ordenou a saída do navio”.

O navio Praia d’Aguada deve regressar no dia 26 a São Nicolau, de acordo com a agência que representa CV Interilhas na ilha, revela a Inforpress.


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