Covid-19: Cabo Verde com um caso suspeito a aguardar resultado de análises, diz ministro
O ministro da Saúde e da Segurança Social, Arlindo do Rosário, disse hoje que Cabo Verde está a tomar as devidas providências para fazer face a uma eventual pandemia mundial.
O anúncio foi feito pelo governante, numa declaração à imprensa ao início da noite de hoje, no Hospital Dr. Baptista de Sousa, no Mindelo, mas sem adiantar mais pormenores.
O governante disse apenas que a pessoa em causa, que viajou recentemente de uma zona - que não precisou - afetada pela epidemia de Covid-19 provocada por um novo coronavírus, já “está internada” e que foi, entretanto, sujeita a “uma bateria de exames”.
“Vamos aguardar a evolução”, disse o ministro da Saúde, numa declaração sem direito a perguntas e garantindo apenas que a prioridade do Governo é a deteção de casos suspeitos.
“Contenção e resposta”, acrescentou Arlindo do Rosário.
Escritor Germano Almeida em quarentena voluntária
Este anúncio surge pouco depois de o escritor cabo-verdiano Germano de Almeida ter confirmado à comunicação social local que, devido à sua participação num festival literário em Portugal juntamente com o escritor chileno Luís Sepúlveda, diagnosticado com o novo coronavírus, iniciou, na ilha de São Vicente, um período de quarenta, de forma voluntária.
O escritor cabo-verdiano, de 74 anos, vencedor em 2018 do Prémio Camões, regressou ao Mindelo no sábado, depois de ter participado no festival literário Correntes d’Escritas, realizado de 15 a 23 de fevereiro na Póvoa de Varzim.
Compra urgente de medicamentos
A Lusa noticiou hoje que o Governo autorizou a compra urgente de equipamentos médicos por 38,1 milhões de escudos (345 mil euros), para que os estabelecimentos de saúde estejam preparados para lidar com eventuais casos do novo coronavírus.
A informação consta de um despacho do primeiro-ministro que entrou em vigor em 28 de fevereiro, autorizando o Ministério da Saúde e da Segurança Social a realizar despesas com o contrato de “equipamentos de saúde”, através de ajuste direto, no âmbito do Plano de Emergência de Luta Contra a Epidemia de Coronavírus, aprovado pelo Governo.
“Torna-se necessário acautelar que os estabelecimentos de saúde tenham, urgentemente, todos os equipamentos indispensáveis para a prevenção e o tratamento da epidemia de coronavírus, porventura vier a verificar algum caso suspeito ou confirmado”, lê-se no despacho assinado por Ulisses Correia e Silva.
Em concreto, a autorização visa a compra de aparelhos ventiladores pulmonares, aparelhos de radiografia portátil, carro de emergência, camas e macas, termómetros, estetoscópios e monitores de sinais vitais, entre outras aquisições.
O documento recorda que, face as ligações aéreas que mantém com os países mais afetados pelo surto de coronavírus, e tendo em conta tratar-se “de uma epidemia altamente transmissível e sem tratamento antiviral específico”, isso “aumenta o risco sanitário para uma eventual introdução desta doença no país”.
Evolução do Covid-19 a nível mundial
A epidemia de Covid-19 provocada por um novo coronavírus, que teve origem na China, em dezembro de 2019, já infetou quase 90 mil pessoas em 67 países de cinco continentes, das quais morreram 3.056.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.
“A ideia é retardar ao máximo possível a chegada do coronavírus no país”, afirmou, na sexta-feira, o primeiro-ministro, sobre o plano de emergência que foi ativado pelo Governo.
“Não é possível fechar as fronteiras do mundo. Então, até que o controlo seja efetivo, temos de estar preparados, sem dramatizar e criar alarmes oportunistas para tirar proveitos de situações que atingem a globalidade do mundo”, acrescentou Ulisses Correia e Silva.
Preventivamente, o Governo cabo-verdiano já suspendeu, por um prazo de três semanas, até 20 de março, mas que pode ser prorrogado, todas as ligações aéreas de Itália, destino emissor de 30.000 turistas anuais para o arquipélago. A Semana com Lusa