Mais de 450 pessoas em quarentena obrigatória em Boa Vista, Santiago e São Vicente
O director Nacional da Saúde considerou hoje que a ausência das ligações marítimas e aéreas tem dificultado na realização dos testes da covid-19, proporcionando o atraso na chegada das amostras à Cidade da Praia, onde está o Laboratório de Virologia.
No balanço diário das autoridades de saúde sobre a pandemia de covid-19 no arquipélago, o diretor nacional de Saúde, Artur Correia, afirmou que desde sexta-feira não se confirmam novos casos positivos, além dos sete registados.
O caso confirmado na noite de sexta-feira, na ilha de São Vicente, de uma cidadã chinesa de 56 anos, já levou as autoridades de saúde a admitirem poder tratar-se da primeira situação de transmissão comunitária no arquipélago, tendo colocado mais de uma centena e meia de pessoas em quarentena, após estudo epidemiológico, por não terem ainda apurado o foco da infeção.
"Não está posta de lado a hipótese de que esse caso teve na origem alguém que veio de fora. Ainda continua [em investigação] e é tecnicamente justificável que poderá ter sido quer a filha [que regressou em fevereiro da Alemanha], quer um outro estrangeiro", disse Artur Correia.
Contudo, explicou, sete amostras de pessoas suspeitas de contactos próximos, como o marido e a filha, bem como profissionais de saúde que contactaram com a doente, deram hoje resultado negativo para covid-19.
De acordo com o balanço feito hoje pelo diretor nacional de Saúde, na ilha de Santiago, distribuídos por vários hotéis, nomeadamente na Praia, estão em quarentena obrigatória 222 pessoas, essencialmente cidadãos regressados recentemente do exterior.
Ainda em quarentena obrigatória estão mais 200 pessoas no interior de um dos hotéis da Boa Vista onde foi confirmado um caso positivo de covid-19 em março.
Na ilha de São Vicente, após o caso da cidadã chinesa, estão 30 pessoas em quarentena obrigatória e mais 129 em quarentena domiciliária, adiantou Artur Correia.
O diretor acrescentou que, nesta ilha, a quarentena obrigatória abrange "mais de duas dezenas de profissionais de saúde", entre uma clínica privada e o Hospital Dr. Baptista de Sousa, na cidade do Mindelo, "diretamente envolvidos", por terem contactado com a doente.
A cidadã chinesa que acusou positivo a covid-19 reside há cerca de cinco anos na cidade do Mindelo e apresentou os primeiros sintomas em 18 de março, conforme informação transmitida ainda no sábado.
Foi depois diagnosticada com pneumonia numa clínica privada em São Vicente e, sem recuperar, deu entrada no Hospital Dr. Baptista de Sousa, no dia 27 de março, ficando em isolamento, face aos sintomas. As análises só confirmaram a n covid-19 na sexta-feira e o Ministério da Saúde anunciou no domingo a abertura de um inquérito à forma como foi feito o processo de admissão da doente no hospital.
Os restantes seis casos confirmados de covid-19 em Cabo Verde dividem-se em quatro na ilha da Boa Vista e dois, um casal, na cidade da Praia (ilha de Santiago).
Um dos casos da Boa Vista, um turista inglês de 62 anos, acabou por morrer, e o colega de viagem, também confirmado com covid-19, já regressou ao país de origem.
Também uma turista dos Países Baixos, o terceiro caso naquela ilha, foi transportada para o seu país, inspirando cuidados.
O quarto caso de covid-19 na Boa Vista foi confirmado num trabalhador de dois hotéis que estavam em quarentena.
O arquipélago de Cabo Verde está fechado a voos internacionais, para travar a progressão da pandemia, e com o estado de emergência decretado no domingo foram também suspensos os voos entre ilhas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 70 mil.
Dos casos de infeção, mais de 240 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia. A Semana com Lusa