Montante disponibilizado para Plano de Salvaguarda da Morna será canalizado para outras prioridades – IPC
Os cinco mil contos disponibilizados pelo Governo para a implementação do Plano de Salvaguarda da Morna vão ser canalizados para outras prioridades, anunciou hoje à Inforpress o presidente do Instituto do Património Cultural, Jair Fernandes.
Depois de a morna ser classificada como Património Cultural e Imaterial da Humanidade, no dia 11 de Dezembro de 2019 na 14ª reunião do Comité Intergovernamental para a salvaguarda do Património Cultural Imaterial, em Bogotá (Colômbia), o próximo passo seria a materialização do seu plano de salvaguarda.
Entretanto, face a essa crise económica que o país está a passar devido à pandemia do novo coronavírus, o Governo vai apresentar um orçamento rectificativo e segundo Jair Fernandes as prioridades serão outras.
“Tínhamos previsto para este ano um montante de cinco mil contos para executar o plano de salvaguarda, mas, naturalmente, que esse montante vai ser cativado e canalizado para outras prioridades”, anunciou.
Este montante deveria ser utilizado para o lançamento de três bolsas de investigação sobre a morna, para atribuição de prémios aos alunos através de concurso sobre morna, e ainda deveria ser aplicado no edital de apresentação de originais, visando a publicação de dois livros de natureza técnico-científica e cultural, incidindo sobre a temática da morna.
Contudo, atentando a esse contexto global a planificação do IPC, frisou, acabou por ficar comprometido e isto os obrigou a reagendarem as suas acções.
O reagendamento deste projecto concreto da morna, adiantou, passa pela elaboração e execução de projectos cujos custos são menores, por exemplo, realização de palestras, trabalhos de cariz didáctico/pedagógico com escola, na comunidade e com os detentores da morna.
Jair Fernandes informou que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) solicitou-os que realizassem um levantamento do impacto dessa situação a nível dos patrimónios mundiais, nomeadamente a Cidade Velha e a morna.
“Já enviamos e depois vai ser avaliado e creio que no mês de Junho ou Julho poderemos ter a partir dessa nova planificação algum suporte técnico da parte da Unesco porque a nível financeiro essa situação é de impacto económico brutal e a Unesco não vai se comprometer com financiamento de projectos”, reconheceu.
Neste momento, informou, a Unesco é obrigada a recuar a sua estratégia, ou seja, em vez de logo após a classificação enviarem uma equipa para acompanhar o processo da morna vão ter de adiar este acompanhamento.
A mesma fonte disse à Inforpress que não pode avançar uma data e nem pode dizer qual será a estratégia de acompanhamento por parte da Unesco, uma vez que ainda é “prematuro”, atendendo ao contexto que o mundo vive hoje.
Contudo, assegurou no final do ano vão enviar um relatório à Unesco e depois disso ela irá decidir como dar o acompanhamento do processo.
AM/ZS
Inforpress/Fim