Análise da redução drástica no consumo da água e energia para se entender o impacto de novo coronavírus no Sal

Com as medidas preventivas em curso no País - levadas a cabo pelo Governo e a Presidência da República de Cabo Verde, dado ao imperativo covid 19 que é vivido no âmbito global-, realçamos que são para evitar que o País caia no marasmo que é vivido um pouco por todos os cantos da planeta terra.

A interdição de ligação do País com o mundo e vice-versa, via aérea, medida também tomada pelo resto do mundo, teve como consequência a paralização do gigante empresarial turístico no mundo e o seu efeito no nosso País e na nossa querida Ilha, epicentro do turismo caboverdiano, responsável pela produção de 25% da economia e considerada atualmente, como o motor da economia nacional.
Posterirmente, a ligação interilhas, com o estado de emergência decretado pela Presidência da República, em que obriga as pessoas a ficarem em casa e daí a paralização das empresas, menos as importantes para a garantia da sobrevivência da espécie humana, foram « medidas oportunas », que afetaram as Empresas, que na sua maioria estão atreladas à máquina empresarial turistica da Ilha, ao Aeroporto Internacinal Amílcar Cabral, aos hoteis e às grandes agências turísticas internacionais com tentáculos em Cabo Verde e sedeadas na Ilha do Sal.

A Ilha, habituada a ter no seu seio milhares de turistas a circularem diariamente, num click de mágico tudo parou e levou a demanda do Sal, em termos de consumo de enérgia eléctrica e água, a baixar drasticamente para menos de 50% dia, numa altura em que o pico dia da Ilha no consumo de energia eletrica rondava os 15 MW, (15*1000 KW), produção nas Empresas (Pública+Privada) e o consumo de água mais de 5000 m3 dia só Pública.

Com o efeito, passamos a ter o pico, só com a pública porque a privada parou, de 6.6 MW (6.6*1000 KW) e de igual modo o consumo de água passou para menos de 50% e só com a unidade empresarial Pública.

Em termos de poluição, queimava-se aproximadamente 900 m3/mês(900*1000L/ mês), entre Público e Privado, e neste momento queima-se menos de metade e só no setor público.

Estes dados nos permitam a ter a noção do impato do turismo na economia da ilha e de Cabo Verde.

A maior atividade económica da ilha e de Cabo Verde está totalmente parada e nos leva a refletir sobre os seus efeitos, tanto económicos e humanos, como de poluição, apesar de que economicamente parece que venha a ser mais estrondosa, desde que a população siga as instruções emanadas pelas entidades que governam este País e pelas autoridades sanitárias 24/24 horas. Em termos de poluição, não deixa de ter um efeito benefíco, porque são menos milhares de m3 de CO2 e de SO2 que são recebidos no ambiente diariamente e que o planeta terra agradece.

Reflexão para nova estratégia

A hora, a meu ver, é de aproveitarmos este vazio para se refletir e traçarmos a largada pós crise, que esperamos, venha a ser de maior justiça possível, tanto pelo ambiente, como pela economia e com reflexos positivos nas pessoas, com a máquina turística a funcionar em pleno, com todas as suas infraestruturas fisícas e humanas e estando em marcha a todo vapor, investir em equipamentos de baixo consumo de enérgia elétrica e nas de produção de energiaa renováveis, tanto elétrica como térmica. Isto sem contar com uma melhor racionalização no consumo da água por parte dos serviços, nos hoteis, bem como dos turístas e proibição da utilização da água doce nas piscinas por parte dos criadores da lei.

Igualmente esperamos a mesma reação por parte da população na aquisição de eletrodomésticos de baixo consumo e penalização por parte do Governo na importação de eletrodomésticos de alto consumo. Para tal, deve- se criar incentivos na aquisição de equipamentos de baixo consumo de energia elétrica. A nível da água, espera - se também que as pessoas sejam sensibilizadas e ajudadas a ter água canalizada em casa, acabando com o abastecimento contínuo nos chafarizes, ficando os mesmos, só para momentos de emergências, sabendo que a produção de água, numa boa parte das ilhas, faz-se através da dessalinização da água do mar. É de lembrar que contamos sempre com avarias e neste sentido incentivamos as Câmaras Municipais para que seja um imperativo vincular os projetos de arquitetura das casas a integrar cisternas subterrâneas de capacidade mínima de cinco toneladas, que serviria como segurança do liquido precioso nas famílias para um periodo mínimo de 15 dias. A Câmara ajudaria na racionalização da água, tendo, como exemplo, a Ilha de S. Vicente, em que todas as casas possuem cisternas ou tanques elevados.

A água canalizada nas casas torna-se economicamente mais viável, diminui perdas e fortalece a economia familiar, porque 1 m3 de água de chafariz, para além de ficar mais cara, ainda existe o factor transporte e a perda.

Uma outra área que precisa de reflexão é a das Empresas de médio e pequeno porte, ligadas diretamente à máquina turística, em que precisamos : médio porte (agências de excursão, transportes, guias turísticas, restaurantes, nigth club, pizzarias, humburgarias, salão de beleza, padarias, bancas, armadores de pesca, mini mercados, super mercados, grande armazéns de produtos alimentícios e de contrução civil, stand de vendas de automóveis, lojas de produtos de belezas e boutiques, fornecedores de produtos frescos de horta, charcutarias, frutarias, etc) e pequeno porte (pequenos restaurantes, bares, vendedores ambulantes, quiosques, pescadores, etc). Ainda temos a classe que faz ponte entre as demais (prostituição, que é a profissão mais antiga do mundo, mas sem qualquer apoio no nosso seio a vaguear sedeando os turistas nas ruas e ou em espaços noturnos ; vendedores ambulantes que mais fazem assédio aos turístas, negócios de drogas e ainda levam turístas para restaurantes a troco de 20% por cabeça, etc).

Reclamamos tanto do all inclusive, em que os turístas eram mantidos dentro dos hotéis, e hoje estamos a fazer tudo para desviarmos o turismo do nosso destino Cabo Verde.

Vejamos o dia a dia dos turistas no Sal e o seu « monópolio », das agências de turismo interno, transportes, guias turísticas, fotógrafos e os restaurantes de médio porte que iniciaram as suas activadades no auge do turismo no Sal, ou seja, com os turistas a serem liberados para consumirem fora dos hotéis.

Hoje em dia seguem uma rota guiada e manipulada pela classe que acabamos de referenciar, sob uma percentagem de 20% por turistas e acima do serviço prestado, que só esta classe pode ter acesso e que recai sobre o preço que deveria custar a um turista em Cabo Verde num dia, em termos de despesas.

Ex : Se um pickup com cinco turistas mais o condutor e se o condutor não for guia terá que ter um guia, e às vezes um fotógrafo, daí todos têm direito a uma refeição, uma bebida, sobremesa e no final 20% da despesa final dos 5 turistas, isso quando o contrato não é feito na agência, em que tem um contrato fixo.

Para que os restaurantes possam sobreviver e ter turistas todos os dias e em quantidade para manter o monópolio, são obrigados a descarregar este custo sobre os turístas, que numa ida normal ao restaurante, por exemplo, deveriam pagar por um prato de peixe de preço 650$00, como é pago por qualguer consumidor, mas neste caso, pagam 780$00 ou mais, e esses 20% ainda recaiam sobre as sobremesas e bebidas, encarecendo a estadia do turísta no País, que como destino turistico, também foi avaliado nos momentos de procura do destino, imaginem o custo para uma familia de turistas de mais de duas pessoas, quando é o caso de pais com filhos.

O problema é que o turista não é visto em Cabo Verde, como uma pessoa comum que gera a sua economia no intuito de poder visitar o mundo, e em que muitas das vezes recorre ao empréstimo bancário para o fim, mas sim como o endinheirado, e também ainda as pessoas de um modo geral, ainda não tomaram consciência da importância do turismo para o País.

Enquanto isso, os Países concorrentes fazem com que os seus destinos sejam cada vez mais atrativos e competitivos economicamente.

E aqui, seguimos agravando a cada dia que passa a vida dos visitantes, porque não existe uma coordenação e fiscalização, que faz com que todos os «cimbrões» tenham direito à sua gota de água, não permitindo que o turista seja livre na escolha dos locais e sítios a visitar, levando a que só os elementos do circuito do monópolio tenham acesso aos turistas, arrecadando mais que normalmente deviam arrecadar e do que é declarado ao sistema fiscal, prejudicando o sistema no seu todo, e em consequência a Ilha e o País, com o risco do desvio do destino turístico para outras paragens por causa dos gananciosos.

As riquezas são consideradas boas e justas, quando são justamente distribuídas e conquistadas por mérito de cada um e não por meio de trapassas, como sempre aconteceu e vai acontecendo em Cabo Verde, em diversas esferas e extratos sociais e económicos.

Esperamos que, com a visita da covid 19 a nível mundial, todos possamos abrir os olhos e a consciência em todos os extratos sociais, para que possamos passar a enxergar uns aos outros, com olhos da humanidade, como nos é exigido, neste momento, pelo covid 19 e vermos que todos somos iguais, brancos, negros, amarelos ou castanhos, ricos ou pobres, mais potentes ou menos potentes, não faz diferença diante de Deus.

Sejamos generosos, para que juntos cuidemos uns dos outros, porque fazendo isso estaremos cuidando do nosso planeta e Deus de nós. Amem ! O cidadão sempre atento (Efrem Soares).

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