Ordem dos Médicos Cabo-verdianos recomenda melhor comunicação e informação aos médicos

Na carta a que à Inforpress teve acesso, o bastonário Danielson Veiga lembra a tutela do sector que as informações sobre a covid-19 devem conter esclarecimentos adequados à capacitação dos médicos, visto que estes têm conhecimentos científicos importantes que devem ser aproveitados na organização das estruturas de saúde.

“Deviam envolver mais os médicos da OMC na equipa de decisões, sendo que esta representa médicos e capacidades médicas no país, dotadas de funções técnico-científicas específicas de grande utilidade sanitária e epidemiológica, sobretudo aqueles que tem conhecimento técnico, que permitem propor e tomar decisões, com responsabilidades baseadas na evidência”, sublinha o bastonário.

Na carta, Denielson Veiga solicita ainda a criação de condições para que os médicos do sector privado e aposentados possam apoiar na luta contra a covid-19, assim como a concepção de uma lista de médicos disponíveis nacionais e na diáspora para solicitar apoio, sobretudo, infeciologistas, pneumologistas, intensivistas, anestesistas, epidemiologistas, internistas e medicina do trabalho.

Lembra ainda, que neste momento da covid-19, é preciso que as autoridades da saúde façam uma reavaliação rigorosa do stock de medicamentos necessários para cobrir os cerca de 1% de possíveis doentes graves do coronavírus, que eventualmente iriam ser necessários durante o internamento dos doentes, como sedativos (medazolam, propofol, morfina, fentanilo, ketaminas, benzodiazepinas, etc), analgésicos, oxigénio, medicamentos para doenças cardiorrespiratórias, antibióticos e outros.

Na carta, o bastonário da Ordem dos Médicos solicita ao Ministério da Saúde a garantia de um acesso diferenciado dos doentes de covid-19 à radiologia, separado dos restantes doentes e, se possível, a utilização de aparelhos portáteis para os doentes com coronavírus, bem como a garantia de testes obrigatórios a todos os casos colocados em quarentena ou definidos de alto risco de contágio, sobretudo os profissionais de saúde.

Face a isso, Danielson Veiga solicita também a adopção das recomendações do Centro de Controlo e Prevenção de Infecções (CDC), para o uso obrigatório, em público, de máscaras, como complemento às recomendações anteriores da OMS associadas ao confinamento domiciliário, isolamento e quarentena, distanciamento social de dois metros, lavagem e desinfecção frequente das mãos.

Considerando que Cabo Verde registou já dez casos confirmados de covid-19, entre as ilhas de Santiago (três), de São Vicente (um) e da Boa Vista (seis), entre os quais um óbito de um cidadão inglês de 62 anos que se encontrava de férias na ilha, a OMC recomenda que as actualizações científicas mundiais sobre o tema da pandemia da covid-19, devem ser reflectidas nas reavaliações contínuas do plano nacional de contingência.

Quanto ao modelo de estudo aleatório (sintomáticos e assintomáticos) baseados em cenários possíveis sobre projecções da infecção da covid-19 em Cabo Verde, feitos a pedido do MSSS, pelo matemático José Augusto Fernandes, a OMC, mesmo afirmando não querer pôr em causa a importância dos estudos científicos, alerta que se os cenários apresentados fossem analisados com cuidado e tidas em conta os factores e variáveis que fazem variar os números, no ponto de vista epidemiológico os resultados teriam efeitos mais práticos e significativos em medicina, e um impacto maior na vigilância sanitária e epidemiológica em Cabo Verde.

No apelo a uma melhor coordenação entre os parceiros, Danielson Veiga diz que a Ordem está completamente comprometida com a saúde cabo-verdiana e garante que a capacidade técnica dos médicos de Cabo Verde e sua disponibilidade torna inevitável a boa colaboração para fazer face ao novo coronavírus. A Semana com Inforpress

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