Autarcas da ilha pedem “sacrifício” às pessoas que se encontram nas outras regiões, evitando a
O autarca dos Mosteiros, Carlos Fernandinho
Teixeira, reconhece que a “intenção do Governo é “sempre boa” e a resolução
63/2020 traz um conjunto de medidas importantes em relação ao regresso das
pessoas para as suas ilhas de residência habitual, mas não deixa de ser um
risco”.
Como há neste momento a necessidade de
conter a propagarão da doença, o autarca referiu que não se pode tomar esta
decisão de ânimo leve, porque, assinalou, isso pode representar um contágio
iminente para a ilha do Fogo.
O edil sublinhou que “as ilhas sem contágio
de registo devem preservar-se sem qualquer movimentação de pessoas entre as
ilhas, porque o regresso, ainda que a pessoa não esteja infectada, deixa sempre
dúvida.
“Todos os foguenses que estão na Praia
devem entender o nosso propósito, para mais tarde poderem abraçar as pessoas
com mais força, permanecendo onde estão até a crise passar do que alastra o
vírus”, afirmou, aconselhando estas pessoas a terem um pouco de sacrifício,
prevenindo-se para não criar problemas a todos mais tarde.
Para Fernandinho Teixeira, é mais
aconselhável acabar com a economia e salvar as pessoas, do que ter economia sem
as pessoas, asseverando que as câmaras municipais do Fogo e o Governo estão
nesta luta e todas as condições devem ser criadas para resolver esta questão.
As câmaras, apesar de não dispor de
recursos e receitas suficientes, podem colaborar com o Governo, na resolução
desta questão e manter as pessoas que foram apanhadas fora da sua ilha de
residência no local onde estão.
Já o autarca de Santa Catarina do Fogo,
Alberto Nunes, referiu que tem havido muita responsabilidade, visando a
salvação de vidas e, por esta razão, considerou importante evitar que se perca
vidas pela irresponsabilidade de pessoas ou por de falta de medidas.
“A resolução é ter um conjunto de cuidados
(…), mas sou de opinião de que nas ilhas onde ainda não existem casos de
covid-19, convém manter a proibição de circulação de pessoas de outras ilhas”,
disse.
O edil lembrou que alguns especialistas
indicam que os exames podem dar resultado negativo, mas tem a probabilidade de
ser positivo, defendendo que “não é recomendável a realização de apenas um
teste, na eventualidade do regresso dessas pessoas que estão a pressionar o
Governo para regressar, salientando que “havendo um problema toda a
responsabilidade recai sobre o Executivo”.
“As pessoas devem entender que está em
causa a vida das pessoas e a economia do país”, destacou o autarca, que apela
essas pessoas a permanecerem onde estão, independentemente dos resultados, e que
a questão financeira é uma situação que se resolve e pode ser assumida pelo
Governo, câmaras e os próprios emigrantes que têm estado a colaborar com as
famílias.
Alberto Nunes defendeu a necessidade de
filtrar e no caso de regresso sejam contempladas as pessoas em missão de
serviço ou em tratamento, porque poderá haver algum oportunismo por parte das
pessoas que viviam nestas ilhas, querendo agora regressar.
Por sua vez, o autarca de São Filipe, Jorge
Nogueira, afirmou que é contra o repatriamento de pessoas para as suas ilhas,
mas observa que no corpo da lei estão definidas as pessoas que devem ser
abrangidas, nomeadamente as que foram apanhadas de forma repentina noutra ilha
onde estavam em serviço ou em tratamento.
Jorge Nogueira salientou que todos devem
pensar no dia de amanhã, e da necessidade de nos próximos meses saber conviver
com o vírus, porque não há ainda vacina e até a sua descoberta o vírus vai
permanecer no nosso meio.
Para o autarca de São Filipe, é preciso
pensar nas famílias que foram para tratamento na Praia, por exemplo, sem
recursos em que as despesas de deslocação foram suportadas pela câmara, que têm
filhos menores que estão sozinhos.
Para esta situação, a câmara vai criar
condições para que essas famílias não fiquem seis, nove meses ou até um ano na
Praia e em dificuldades.
O parecer que a câmara de São Filipe vai
emitir para a vinda das pessoas retidas noutras ilhas, depois de exames com
testes negativos, é que as mesmas fiquem em confinamento obrigatório no espaço
identificado, porque segundo Jorge Nogueira a quarentena domiciliar na
realidade da ilha demonstrou que as famílias que não têm condições de
permanecer na Praia também não as têm para isolamento e que o acompanhamento
pela delegacia de saúde não funciona.
Assim, a condição para que as pessoas
possam regressar é o de permanecerem ficar em confinamento obrigatório e
vigiadas durante duas semanas.
Adiantou que para tal foram preparadas as
casas da aldeia de Almada, construída para alojamento dos técnicos aquando da
construção da circular do Fogo, que estão trabalhadas e em óptimas condições.
Para o mesmo, quem quiser regressar após
reunir as condições exigidas, têm de fazer o sacrifício de permanecer no
isolamento, observando que neste momento há a necessidade de observância de um
rigor mais acentuado para evitar a disseminação do vírus. A Semana com
Inforpress