Banco de Cabo Verde aponta recessão que pode chegar aos 6,1% em 2020
As previsões constam do Relatório de Política Monetária (RPM) do banco central, libertado hoje, mas que o BCV alerta que foram feitas “num quadro de incertezas sobre a evolução do enquadramento externo e do contexto sanitário e macroeconómico interno sem paralelo”.
Para o efeito, o BCV preparou dois cenários, o primeiro do qual descrito como “central”, que se baseia essencialmente “no pressuposto do controle da pandemia de covid-19 no decurso do segundo trimestre", numa recuperação gradual da economia dos principais parceiros e da atividade económica nacional a partir do terceiro trimestre, entre outras condições.
Neste cenário, o PIB do país poderá cair até 4%, o défice corrente aumentará para 10,6% (0,2% em 2019) e as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) até aumentam, para o equivalente a 7,4 meses de necessidades de importações (6,9 meses em 2019).
Para o segundo cenário, o adverso, sem uma recuperação nas condições do primeiro, a projeção do BCV aponta para uma recessão de 6,1% do PIB, um défice corrente de 13,1% e uma queda das RIL para o suficiente para 6,3 meses de importações.
“O ciclo de crescimento da economia nacional dos últimos anos deverá ser, no entanto, invertido pelos não antecipados e ainda incertos impactos da pandemia de covid-19. A par das consequências diretas na saúde e no rendimento do trabalho dos afetados, as medidas de contenção da propagação adotadas a nível mundial (…) deverão resultar, à escala global e nacional, num choque simultâneo da oferta (devido à disrupção de cadeias de produção e canais de distribuição) e da procura (que deverá afetar desproporcionalmente os setores do turismo e dos transporte, bem como os serviços culturais e de lazer)”, enfatiza o relatório do BCV.
Cabo Verde conta agora 109 casos da covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (55), da Boa Vista (53) e de São Vicente (1). Um destes casos, um turista inglês de 62 anos – o primeiro diagnosticado com a doença no país, em 19 de março -, acabou por morrer na Boa Vista, enquanto outros dois doentes já foram dados como recuperados.
Desde 18 de abril que está em vigor um segundo período de estado de emergência, mantendo-se suspensas as ligações interilhas e a obrigação geral de confinamento, além da proibição de voos internacionais.
A declaração do atual estado de emergência prevê para as ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente, todas com casos de covid-19, que permaneça em vigor até às 24:00 de 02 de maio.
Nas restantes seis ilhas habitadas, sem casos diagnosticados da covid-19, a prorrogação do estado de emergência foi mais curta, e terminou às 24:00 de 26 de abril.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 206 mil mortos e infetou quase três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Perto de 810 mil doentes foram considerados curados. A Semana com Lusa