Presidente do PAICV endereça mensagem de « esperança para vida melhor» aos trabalhadores em tempos de crise
Para a Presidente do maior partido da oposição cabo-verdiana, no contexto em que Cabo Verde vive ensombrado pela Pandemia do Covid-19 e com muitas incertezas, a comemoração do “Dia Internacional do Trabalhador” assume um contorno particular, porque, não permite atos públicos de reivindicação e deixa antever momentos difíceis nos dias que aí vêm.
“Neste momento de particular dificuldade, em que todos devemos mobilizar as nossas forças para o combate à Pandemia e acreditar que vamos conseguir vencer, é nosso dever recordar as muitas lutas que os Trabalhadores tiveram que travar e das dificuldades que foram obrigados a debelar, para que hoje se considerasse, como uma conquista, a dignidade do e no Trabalho. Vencendo esta batalha e ultrapassando os obstáculos de hoje, uma das nossas maiores expectativas é de que, no próximo ano, os Trabalhadores Cabo-verdianos possam assinalar esta data noutras condições e celebrar a efeméride com um NOVA ESPERANÇA”, ressalta em comunicado.
A líder da oposição considera ainda que o 1º de Maio, como um dia importante, que simboliza as vitórias da Classe Trabalhadora na luta para a sua emancipação, para a afirmação dos seus direitos à dignidade e para a sua proteção, preconizando melhores condições de vida. “É um dia que, tradicionalmente, junta os Trabalhadores, não só para se solidarizarem, mas também para avaliarem os ganhos, as dificuldades, os constrangimentos e os desafios, para além da afinação de estratégias para, de uma forma justa e legítima, batalhar para novas conquistas”, acentua.
Perante a Pandemia do coronavírus, que obrigou a todos ao confinamento, provocando “gigantescas incertezas”, e que aumentaram os receios num futuro imprevisível de centenas de trabalhadores e a angústia de milhares de cidadãos, Janira é da opinião que os impactos são, ainda e em alguns sectores, de difícil previsibilidade. Neste âmbito, o PAICV anota que antes da Pandemia, o contexto do País já apresentava sinais de preocupação e aproveita a oportunidade para criticar o governo do MpD pelo incumprimento de “quase” todas as promessas feitas aos trabalhadores cabo-verdianos e que, “infelizmente, passados esses quatro anos, não saíram do papel”.
“Apesar do tão propalado crescimento do País, não se vislumbraram medidas direccionadas para a melhoria das condições de rendimentos e do aumento do poder de compra dos trabalhadores, como era a expetativa legitimamente alimentada. As promessas de atualização anual dos salários caíram no esquecimento e os funcionários cabo-verdianos tiveram um único aumento salarial, de apenas 2,2%, e apenas para 8% dos funcionários, embora o compromisso ter sido de se fazer a actualização anual, dos salários e das pensões”, mostra, acrescentando que nestes quatro anos de mandato, foram um período de promoção da desigualdade e a uma “consciente discrepância no acesso a cargos públicos, lançando por terra o sonho de milhares de cabo-verdianos que, por mérito e competência, sonhavam progredir pela via do concurso”
Incumprimento das promessas pelo Governo do MpD
O maior partido da oposição recorda aos cabo-verdianos que a prometida redução da carga fiscal, em 1% por ano (à ordem de 5%, nos cinco anos de mandato), não foi cumprida pelo atual Governo. “Esse incumprimento, que se traduziu na perda do poder de compra dos cabo-verdianos, foi claramente agravado, em virtude dos sucessivos aumentos nos preços da água, do combustível, do gás e dos bens alimentares, em decorrência dos três anos de seca”, assegura.
Com base no cenário em que vivem as famílias cabo-verdianas, JHA considera que a situação socioeconómica do País esta a agravar-se devido às sucessivas mudanças de setores estratégicos. “Os 45 mil empregos dignos para os Jovens cabo-verdianos, foram arquivados, muito antes do contexto difícil que estamos a atravessar, tendo sido substituídos por estágios profissionais. Os estágios profissionais, apesar de serem uma boa medida de política, criada, em Cabo Verde, desde 2007, não podem substituir os empregos dignos, prometidos aos Jovens Cabo-verdianos. Mais: Em nenhuma circunstância se pode aproveitar a crise, para promover mudanças em sectores estratégicos, colocar em risco o Sistema de Segurança Social, estimular o despedimento de centenas de trabalhadores e incentivar a supressão de direitos adquiridos dos trabalhadores, pondo claramente em causa os rendimentos das famílias e a estabilidade social, tão necessária a Cabo Verde”, aponta.
Para a Presidente do PAICV, em contextos de crise, governar, além de ser um ato de entrega e de seriedade, exige responsabilidade. “Quem governa um País, deve governar para o Povo. Nunca pode e nem deve governar só para uma parte do Povo (aquele que o escolheu) ”, argumenta.
«Estamos conscientes do momento difícil que estamos a enfrentar, mas, nos mantemos convictos de que, nesta luta, os Trabalhadores cabo-verdianos estão e estarão na linha da frente do combate. Sem esquecer todos quantos ficaram, e ainda estão, confinados em casa, destacaríamos, aqui, os Trabalhadores da Saúde, da Proteção Civil, da Segurança e Ordem Pública, da Segurança Privada, da Administração Pública, das Empresas e dos Serviços Públicos e Privados, que foram obrigados a se manterem nos seus postos de trabalho, não obstante, o Estado de Emergência. Fazemos votos que, no próximo ano, possamos assinalar esta data (1º de Maio) sob o signo da vitória alcançada, sobre a Pandemia, e com a aurora de uma Nova Esperança, para Cabo Verde”, conclui.