Seis em cada 10 empresas suspenderam atividades, segundo inquérito

Segundo o estudo, realizado pela Associação de Mulheres Empresárias de Cabo Verde (AME-CV), e enviado à agência Lusa, do total de empresas que suspenderam as suas atividades, 82% tomaram essa decisão entre a 2.ª e a 3.ª semana de março, precisamente na altura em que Cabo Verde registou o primeiro caso da doença, em 19 de março.

Mas de metade das empresas (61%) que passaram a operar de forma parcial, tiveram que reduzir parte das atividades, acrescentou o inquérito sobre os efeitos da pandemia da covid-19 nas empresas cabo-verdianas.

O mesmo trabalho registou que das 15% de empresas que estão a operar – nas suas instalações ou em teletrabalho – a maioria (76%) não tem intenção de fazer a suspensão das atividades.

De acordo com os dados do Ministério da Justiça e Trabalho, até 27 de abril deram entrada na Direção-Geral do Trabalho 16.090 pedidos de suspensão do contrato de trabalho, referentes a um total de cerca de 994 empresas.

Outro dado constatado pelo inquérito é que seis em cada 10 empresas tiveram mais de 80% de perda de faturação em abril, face ao período homólogo (60%).

“Alguns com perda de 100% de faturação”, salientou o inquérito, realizado em parceria com a Afrosondagem, Câmaras de Comércio e de Turismo, Associação dos Jovens Empresários de Cabo Verde e Associação de Agência de Viagens e Turismo.

A maioria das empresas cabo-verdianas (77%) apontaram a queda de venda ou faturação como o principal problema resultante da covid-19.

As empresas enfrentam outros problemas, como, por exemplo, a falta de tesouraria para manter o pessoal e a atividade (54%), redução da procura (41%) ou falta de trabalhadores (30%), que estão em casa por ordens governamentais.

De acordo com o inquérito, quase metade das empresas cabo-verdianas (47%) admitiram o ‘lay-off’ como uma das primeiras opções a equacionar, em caso de os problemas financeiros persistirem-se ou agravarem-se.

E seis em cada 10 empresas pretendem recorrer a esse meio, mas todas as grandes empresas entrevistadas declararam que vão recorrer ao ‘lay-off’.

No que diz respeito ao emprego, o estudo concluiu que a maioria das empresas(73%) conseguiram pagar os salários no mês de março. “Por outro lado, 14% já não conseguiram fazê-lo”, notou o inquérito, cuja recolha de dados decorreu entre 17 e 27 de abril.

Segundo o mesmo trabalho, quase metade das empresas (46%) fez ou tenciona fazer algum corte nos funcionários e, destes, 23% pretende fazer cortes acima dos 30%.

Sete em cada 10 empresas não tem capacidade financeira para pagar os ordenados de abril. “O impacto é maior nas grandes empresas com 85% dessas sem capacidade de pagamento dos ordenados de abril”, continuou a mesma fonte.

Quanto ao apoio financeiro, quase metade das empresas (48%) recorreram a uma linha de crédito e, desse total, a maioria ( 87%) ainda estão a aguardar, enquanto 10% não tiveram aprovação do processo de financiamento.

Numa avaliação às medidas tomadas pelo Governo para fazer face à crise, a maioria das empresas acha que todas são “adequadas ou muito adequadas”, mas dão nota negativa à celeridade na sua implementação.

Para realizar o estudo, a AME-CV obteve respostas de 307 empresas de diversos setores de atividade, numa amostra com um intervalo de confiança de 95% e um erro de 4%.

Cabo Verde regista 186 casos diagnosticados de covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (127), Boa Vista (56) e São Vicente (03).

O foco principal da doença é a cidade da Praia, com 124 casos, e que se encontra em estado de transmissão local.

Em todo o país, já foram consideradas recuperadas da doença 37 pessoas, enquanto duas pessoas acabaram por morrer, na Praia e na Boa Vista, e dois turistas estrangeiros, também infetados, regressaram aos países de origem, totalizando por isso 145 casos ativos em Cabo Verde.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 251 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1.1 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. A Semana com Lusa

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