Estudantes cabo-verdianos no Senegal pedem ajuda para regressar a casa
Estudantes cabo-verdianos no Senegal querem regressar a Cabo Verde devido a dificuldades impostas pela pandeia do coronavírus.
Parte dos estudantes estão no Senegal por conta própria e outros com bolsas de estudos, muitos de famílias de baixa renda, motivo pelo qual não conseguem manter os gastos com alimentação e estadia.
A notícia foi avançada esta quinta-feira,7, pela emissora alemã Deutsche Welle (DW), que entrevistou parte dos 30 estudantes que estão a pedir uma repatriação para Cabo Verde.
“Os alunos estão a passar dificuldades para suportar os gastos com alimentação e aluguer no país. Apesar dos pedidos de repatriamento na embaixada de Cabo Verde, eles não estão a ser vistos como prioridade na pandemia”, informou a DW.
Em entrevista à emissora, Aline Sequeira, estudante do 1º ano de Relações Internacionais e Diplomacia, contou como foi o contato com as autoridades.
“Nós chegamos a falar com eles por duas vezes. Na primeira vez, disseram-nos que, naquele momento, não havia como, porque não tinha voos. Entretanto, disseram-nos que poderia vir a surgir um voo para repatriar as rabidantes que estavam aqui e que poderíamos comprar a passagem para que, se no caso desse, fôssemos juntamente com elas”, afirmou a estudante.
Segundo a jovem, na hora de adquirir os bilhetes para regressar a casa, não puderam comprar porque não estavam na lista das prioridades.
“Fomos comprar a passagem e nos disseram que não vendiam passagens para os estudantes e que não dava para regressar. Na segunda vez, disseram-nos que naquele momento não éramos a prioridade”, completou Aline Sequeira.
Custos no Senegal
Para contornar as dificuldades e diminuir os custos de estadia, os estudantes estão a viver em grupo.
“Somos quatro meninas num quarto. Uma teve de deixar a sua casa onde morava sozinha, para vir juntar-se a nós. A outra, que estuda fora de Dakar, devido ao fecho das escolas, teve de vir para ficar connosco. Agora, nós as quatro dividimos as despesas”, contou Alexandra Gomes.
Igor Sanches, estudante de Direito na Universidade Cheick Anta Diop, que é quem tem dado a cara em defesa dos colegas diz que foram “abandonados”. “Nunca fomos vistos no Senegal. Nunca a embaixada nos chamou. Eles têm os nossos números de telefone, mas nunca nos chamaram para saber o que se passa connosco”, relatou.
Segundo Sanches, a embaixada confirmou que repatriar os estudantes que estão fora do país não é uma prioridade do Governo.
“Chamei o embaixador para colocar os problemas e a resposta que ele me deu é que a prioridade agora era para aquelas pessoas que estão a enfrentar o coronavírus em Cabo Verde”.
Sem apoio do Governo
Cerca 70% dos estudantes cabo-verdianos no Senegal não têm apoio do Governo de Cabo Verde. de acordo com Igor Sanches, até agora a embaixada só alugou uma casa para colocar 14 alunos que ficaram desalojados devido ao encerramento da residência estudantil.
À DW, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Luís Filipe Tavares lembrou que, neste momento, há centenas de pedidos de repatriamento de estudantes cabo-verdianos em vários países e que o Governo está a analisar esta problemática para ver as melhores soluções.