EUA e Venezuela travam batalha judicial em Cabo Verde

Cabo Verde transformou-se num campo de batalha judicial entre os Estados Unidos e a Venezuela por causa da detenção do empresário Alex Saab, apontado por Washington como um dos testa-de-ferro do Presidente Nicolas Maduro e acusado de lavagem de dinheiro e conspiração por tribunais americanos e colombianos, pelas autoridades do país arquipélago. Os Estados Unidos podem pedir a sua extradição aos tribunais cabo-verdianos, enquanto a Venezuela exige a libertação imediata do que diz ser um “agente” do seu Governo.

O empresário Alex Nain Saab Moran, de nacionalidades colombiana e venezuelana, dirigia-se no seu avião privado em direcção ao Irão, onde se supõe que iria negociar contratos de abastecimento alimentar para a Venezuela, quando fez uma paragem no aeroporto da ilha do Sal, em Cabo Verde. Foi detido na sexta-feira enquanto o seu avião estava a ser reabastecido e, depois de apresentado ao juiz, posto em prisão preventiva, o primeiro passo no processo de extradição.

“É um acto intencional do Estado [a detenção], sabiam o que estavam a fazer e fizeram porque quiseram, não eram obrigados a isso. Passa sempre por uma decisão política e é uma decisão política, disseram ao procurador [procurador-geral da República de Cabo Verde] para avançar com a detenção”, disse à Lusa o advogado de Saab em Cabo Verde, José Manuel Pinto Monteiro. “É nítido que Cabo Verde escolheu um lado”, continuou o advogado, admitindo estar a aguardar pelos “fundamentos” da detenção para “ver se vale a pena recorrer”.

Saab, de 48 anos, foi detido pelas autoridades cabo-verdianas por a Interpol ter um alerta vermelho em seu nome e o Governo venezuelano disse que a detenção foi feita sem que houvesse na altura mandado internacional e que este apenas foi emitido já depois de o empresário ser detido, o que torna a detenção ilegal, argumenta. Opinião diferente tem o procurador Luís José Ladim ao dizer que o alerta vermelho equivale a um mandado. “A Interpol tinha na sua página um aviso vermelho, que significa precisamente deter uma pessoa para extradição”, disse à Lusa o procurador.

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