Programa Tartarugas ilha do Sal regista neste primeiro mês mais de cinco mil desovas

Segundo a bióloga Alice Lopes, o programa do Projecto Biodiversidade espera que o período de desova deste ano seja mais movimentado no que diz respeito a procura das tartarugas nas praias da ilha e garantiu que se espera um ano de registos recorde.

“Se compararmos com 2018, que é o ano recorde até então, com números que alcançaram os 15 mil até o mês de Outubro, neste ano, em apenas um mês registamos mais de cinco mil ninhos nas praias”, explicou Alice Lopes.

Desafiada a encontrar explicação para os registos do primeiro mês, a bióloga alegou que ainda não é possível ter argumentos científicos suficientes para a justificação aos números.

“Para explicar tal fenómeno teríamos que analisar um determinado período de tempo que ainda não nos está disponível, pese embora é sabido que a espécie careta-careta esteja a ter uma recuperação da sua população a nível mundial”, explicou a bióloga.

Entretanto, outro recorde, o de abate de tartarugas, ameaça ser também quebrado, pois apenas no primeiro mês registou-se um total de 150 casos de abate, algo que preocupa a coordenadora do Programa Tartarugas Ilha do Sal.

“Por termos um número elevado de saídas nas praias, muitas vezes em locais menos prováveis, e apesar do esforço em patrulharmos, vimo-nos obrigados a mudar a estratégia, porque o ano de maior caça foi 2016, em que se registou um número aproximado de 250, e só no primeiro mês de 2020 já contabilizamos 150”, observou Alice Lopes.

A bióloga deixa um apelo no sentido de as pessoas não consumirem a carne de tartaruga, pois, “caso não haja consumo, não haverá apanha”, e pede as pessoas para denunciarem esta e outras práticas que configuram crime.

A equipa do programa SOS tartarugas, no Sal, conta com uma multiculturalidade traduzida em voluntários internacionais e nacionais, mas este ano, segundo Alice Lopes, não tem sido possível devido ao contexto da pandemia.

“Sendo assim, procuramos algumas pessoas que ficaram sem emprego devido ao mesmo contexto e actuamos no presente momento com cerca de 50 monitores”, acrescentou.

PE/CP


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