São Vicente: Ópticas com atrasos até de quatro meses para receber encomendas
Algumas ópticas, no Mindelo, estão com atrasos até de quatro meses para receber encomendas de lentes, que foram requisitados antes do estado de emergência e dizem estar de “mãos atadas”, embora contem com a compreensão dos clientes.
A Oficina dos Óculos é aquela que relatou à Inforpress o maior atraso, quatro meses, e segundo a proprietária, Carla Magalhães, desde que se deu o encerramento das fronteiras, com o estado de emergência, registaram problemas de transporte tanto interno, como externamente.
O constrangimento externo, segundo a mesma fonte, foi resolvido com viagens marítimas, que tem sido pontuais, mas a parte interna, da vinda da cidade da Praia ainda persiste.
“Temos conhecimento que a mercadoria sai da origem, chega a Cabo Verde no tempo devido, porque temos registos que nos permitem fazer o acompanhamento, mas quando chega cá, uma vez que vai primeiro para Praia, a mercadoria fica retida na Praia”, explicou.
A responsável da Óptica Médica, Lenilda Maocha, também reportou atrasos de mais de um mês que têm prejudicado o negócio, mas que depara com a “mesma resposta” quando recorre aos balcões dos correios para o despacho.
“Nos correios dizem sempre que o problema não está neles, mas sim na ligação de barco, e quando é assim ficámos sem saber em quem reclamar”, criticou a gerente, adiantando que antes conseguiam dar prazos de cerca de duas semanas para a chegada das lentes, mas, neste momento tem clientes à espera desde mês de Junho.
Contudo, considerou, o problema não é só por causa da pandemia, mas tem-se verificado atrasos anuais, principalmente nas épocas altas, Verão e final de ano.
“Acredito que os correios poderiam ter uma organização melhor e precaver isso, não é todos os anos ser a mesma coisa, temos que melhorar”, lançou.
Enfrentando o mesmo tipo de problema, o responsável da Óptica Djibla, Jason Mascarenhas, disse que no seu caso a espera não é tanto interno, mas de Portugal, onde estão grande parte dos seus fornecedores.
“Houve uma grande acumulação de mercadorias lá durante o período de confinamento e agora somente há quase um mês é que estão enviando as encomendas”, explicou, apontando demoras de cerca de dois meses, que estão relacionadas com a falta de ligação aérea Cabo Verde/Portugal.
Conforme a mesma fonte, a situação melhorou um pouco desde que têm conseguido receber encomendas de barcos, vindas directamente de Portugal para São Vicente e que chegam de 15 em 15 dias.
Entretanto, o responsável da Óptica Djibla confirma o mesmo atraso quando as mercadorias passam por Santiago, e que considerou dever-se a “quantidade enorme de mercadoria” recebidas e ao processo para se identificar os destinatários.
Mas, é unânime o relato de uma “situação desconfortável”, porque as pessoas precisam das suas lentes e reclamam, embora ainda se têm mostrado “bem compreensíveis”.
Esses comerciantes têm consciência que a questão não se restringe somente às ópticas, mas visto ser as lentes um “bem de primeira necessidade e uma questão de saúde”, questionam se não poderia haver “maior urgência” nos envios.
“Gostaria que pudesse haver uma triagem, já que temos conhecimento que as encomendas têm ficado fechadas em contentores juntamente com todo tipo de mercadorias”, sublinhou Carla Magalhães.
Neste momento, as ópticas guardam a esperança que tudo melhore com a retoma dos voos internacionais, que deverá acontecer agora em princípios de Agosto.
INFORPRESS