Construções clandestinas nem sempre têm por detrás a pobreza, há aproveitamentos
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirmou hoje que as construções clandestinas e as barracas nem sempre têm por detrás a questão da pobreza e fala inclusive de existência de “subempreitadas de construções clandestinas”, que precisam ser combatidas.
O governante, que respondia às questões dos deputados no debate parlamentar sobre o “Desenvolvimento Sustentável de Cabo Verde”, relacionadas com o problema da habitação, disse que há muitas famílias que se debatem com essa situação porque não têm rendimento, mas que há também situações de aproveitamento.
“É preciso falar claro aos cabo-verdianos que há fenómenos de construções clandestinas que têm negócios por detrás. Portanto, se esse processo não for estancado, todo o investimento que for feito depois redundará em problemas acrescidos, porque reabilita-se uma casa, constrói-se uma casa e aparecem 10 barracas”, disse, adiantado que há que impor a autoridade municipal nesta questão.
O chefe do Governo advertiu que esse tipo de problema poderá agravar ainda mais a situação da pobreza das pessoas e acesso às infra-estruturas.
“Acho que é momento de parar e analisar bem a situação que nós temos. Falar claro aos cabo-verdianos sobre este tipo de problema (…) Subempreitadas de construções clandestinas existem em Cabo Verde e é preciso estarmos cientes para sabermos como é que temos de dar, de facto, um bom combate a este problema”, disse.
O primeiro-ministro realçou ainda que, neste momento, há cerca de 62.600 famílias a precisarem de melhoria nas suas habitações e que com o crescimento das barracas haverá cada vez mais intervenções.
“Portanto vamos ter que equilibrar bem as coisas. Lá onde há pessoas em pobreza extrema e com necessidade de intervenção e solidariedade do Estado que se faça, mas lá onde há aproveitamento dessa situação que se faça também a intervenção com a devida segurança e autoridade para estancar esse processo”, recomendou.
O chefe do Governo aproveitou para anunciar que as mais de 1.000 casas do programa “Casa para todos”, que ainda se encontram fechadas devido às dificuldades nas vendas no mercado livre, vão ser afectadas às pessoas mediante o pagamento de renda resolução.
Contudo, declarou-se ciente de que essa afectação das moradias do programa não vai resolver o problema habitacional em Cabo Verde, já que o défice se situa em cerca de 11 mil habitações, estando o grosso do problema na questão da insegurança habitacional que abrange cerca de 62.600 famílias.
MJB/ZS