Câmaras de Comércio querem perdão dos juros acumulados durante as moratórias

Os representantes das Câmaras de Comércio de Sotavento e Barlavento adiantaram hoje que estão a trabalhar com o Governo uma espécie de perdão dos juros acumulados durante a vigência das moratórias, enquanto medidas de mitigação dos efeitos da pandemia da covid-19.  

Em conversa com os jornalistas, Jorge Spencer Lima e Jorge Maurício consideraram que as moratórias foram uma medida que teve os seus efeitos positivos no momento, mas salientaram que as mesmas podem agora resultar em problemas para as empresas.

“As moratórias não foram perdão das dívidas, mas sim um alongamento das dívidas. Os bancos, neste momento, estão a juntar os juros mais o capital e estamos a renegociar. As empresas vão começar a pagar e, na verdade, as empresas ainda não tiveram esse retorno que lhes permite pagar e muitas empresas estão com dificuldades em pagar os empréstimos”, indicou Jorge Spencer Lima.

O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento (CCISS) lembrou que os empréstimos foram feitos numa perspectiva de que as coisas iam funcionar normalmente com as empresas a ganharem dinheiro e a pagar as suas mensalidades, que acabou por não resultar devido à crise.

No momento em que se fala na retoma, Jorge Spencer Lima afirma que as moratórias continuam a ser um “grande problema”, daí as negociações no sentido de “algum perdão” por forma a evitar que o fim das moratórias resulte no aumento da insolvência e no encerramento de mais empresas.

“A moratória acaba por trazer mais problemas do que resolvê-los. Daí que é preciso que haja uma discussão clara sobre esse aspecto para que possamos sair dessa situação que nos encontramos, porque o problema que se põe agora, não são medidas de manutenção, mas sim medidas para continuidade das empresas, porque senão o número de insolvência vai aumentar claramente e muita gente não vai poder aguentar”, alertou.

Jorge Spencer Lima está crente numa retoma para que as empresas possam produzir e ter recursos para pagar os seus empréstimos no fim das moratórias em Março do próximo ano.

“O problema que se põe é a questão dos juros que foram se acumulando ao longo dos tempos estão a onerar as dívidas. Nós estamos a pedir o perdão dos juros, seja junto dos privados, seja no sistema financeiro, seja juros das dúvidas junto do Estado”, precisou.

Os representantes do sector privado, estão, entretanto, de acordo com o fim das moratórias em Março de 2022 e também do ‘lay-off’ em Dezembro, no sentido de se evitar o colapso do sistema de segurança social.

“Não podemos continuar a vida toda com o lay off. É impossível. Não há recursos para isso e também não fará sentido termos um ‘lay-off’ para três, quatro ou cinco anos. As moratórias também não podem continuar eternamente. Quanto mais tempo demorar, mais acumulação de dividas”, disse Jorge Maurício admitindo que o fim dessas medidas representa preocupações porque há empresas que não vão conseguir sustentar-se.

O presidente da Câmara de Comércio de Barlavento (CCB) congratulou-se, entretanto, com o anúncio do Governo da inclusão no orçamento de Estado de 2022 de medidas para amortecer os efeitos do fim dessas medidas mitigadoras dos efeitos da pandemia.

MJB/CP

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