Espanha reintegra o GAO e vai apoiar Cabo Verde com 600 mil euros em três anos
O memorando de entendimento para reincorporação de Espanha ao GAO foi assinado pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Cabo Verde, Miryan Vieira, e pela secretária de Estado da Cooperação Internacional do Reino da Espanha, Pilar Cancela Rodriguez, que realiza uma visita de 24 horas ao arquipélago africano.
Segundo a governante cabo-verdiana, o acordo assinado no âmbito da V Reunião Mista de Cooperação entre os dois países - o último tinha sido em 2007 - tem a vigência de três anos de 2022 a 2024 e a Espanha vai apoiar em 600 mil euros os orçamentos de Cabo Verde, em desembolsos anuais de 200 mil euros.
"Será basicamente para fomentar ações no quadro da economia azul", especificou Miryan Vieira, notando este "sinal" da Espanha em reintegrar o GAO, criado em 2005 e que atualmente liderado pelo Banco Mundial, integrando ainda Portugal, Luxemburgo, União Europeia, Bando Africano de Desenvolvimento (BAD).
A secretária de Estado da Cooperação Internacional, Pilar Cancela Rodriguez, considerou "normal" a reintegração do Reino de Espanha no GAO, salientando que a cooperação internacional não tem a ver com troca, mas sim com solidariedade e empatia.
"São valores universais, em complemento com os objetivos da agenda 2030, que pretende combater as desigualdades, a pobreza, e sobretudo congregar energias para conseguir objetivos que redundam em benefícios das duas partes", afirmou.
Os dois países assinaram ainda um novo Acordo de Cooperação Avançada (ACA), considerado como sendo um "dia muito importante" por Pilar Rodriguez, e que abarca a igualdade de género, crescimento económico inclusivo e sustentável e conservação dos oceanos.
"Estamos a renovar um compromisso de um caminho percorrido desde há muitos anos, para continuar a cooperação e caminhar juntos", afirmou, indicando que o acordo tem como principal objetivo a luta pela igualdade de género e empoderamento das mulheres e meninas.
Também vai abarcar o crescimento económico, o trabalho digno e a economia azul, considerado um setor estratégico para Cabo Verde, onde Espanha pode apoiar não só com experiência, mas conhecimento, apontou a mesma fonte.
"Acho que reforçando mutuamente podemos fazer muito melhor", enfatizou a secretária de Estado, indicando que a agenda agora atualizada vai até 2030 e espera que as ações tenham êxito.
"Há uma confiança, um afeto, uma solidariedade entre os dois países e sobretudo uma excelente relação de amizade", continuou, elogiando Cabo Verde como uma sendo "uma referência" na África Subsaariana e na África em geral.
Para a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação cabo-verdiana, a assinatura dos dois instrumentos constitui um "passo importante" nas relações de cooperação entre Cabo Verde e Espanha.
"Este acordo lança as bases para as futuras ações de cooperação entre os dois países", garantiu Miryan Vieira, considerando que, com a visita da homóloga espanhola, os dois países estão a dar um "sinal político" de que os dois Governos querem enaltecer as relações de cooperação.
Depois da reunião, a governante espanhola participou ainda no lançamento de projetos do Instituto Cabo-verdiano da Igualdade e Equidade de Género (ICIEG) e na terça-feira, último dia de visita, terá encontros, separados, com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e com o Presidente da República, José Maria Neves.
As relações diplomáticas entre Cabo Verde e Espanha iniciaram em 1977 e o primeiro acordo de cooperação foi assinado dois anos depois, tendo sido realizadas quatro reuniões da comissão mista até março de 2007, ano em que foi criada a missão diplomática permanente da Espanha na cidade da Praia e um escritório de cooperação técnico no arquipélago.
Em 2010, foi assinado uma adenda à última reunião da comissão missão e a partir daí as relações passaram a depender dos diferentes Planos Diretores de Cooperação Espanhola (PDCE).
De 2000 a 2020, a Espanha desembolsou mais de 100 milhões de euros a Cabo Verde e, no âmbito do GAO, entrou com mais de 20 milhões de euros em financiamento de 2007 a 2012. A Semana com Lusa