Aumento do preço de milho e ração animal pode representar o fim do sector da pecuária
Em declarações à Inforpress, Manuel Mendes avançou que a ração animal registou um aumento de “quase 700 escudos” para saco de 50 quilogramas, o que representa um aumento médio de 35 por cento (%), sublinhando que “este aumento vai acabar com o sector praticamente” porque os criadores não poderão suportá-lo.
À semelhança dos criadores, o presidente do Agrupamento do Queijo questiona “onde está o Governo e o Ministério da Agricultura”, já que “ninguém falou ainda sobre um aumento tão grande”.
“Ter um aumento de 50, 100 escudos em cada saco dá para entender porque a matéria-prima aumentou, há transporte e tudo ficou mais caro, mas um aumento numa matéria-prima tão fundamental como milho e ração animal não é normal”, defendeu Manuel Mendes, adiantando que este aumento vai afectar a produção animal, seja ele caprino, bovino, suíno e outros.
Para o mesmo esta é a “altura crucial” para os criadores e, num ano em que há falta de pasto, não entende como o Governo não ajuda os criadores e nem atribui subsídios aos importadores para os compensar pelas perdas.
“Há um aumento abismal e repentino e sem intervenção de Governo, o preço dos derivados da pecuária, como leite, carne, queijo, vai subir”, disse a mesma fonte.
Para o presidente do Agrupamento do Queijo, o Ministério da Agricultura e Ambiente atribui senhas aos criadores de caprino e bovino, mas não para a suinicultura, e essas senhas não estão a ser utilizadas porque as empresas que comercializam ração não as aceitam para a redução do preço da ração e milho.
Manuel Mendes, que é também responsável pela empresa Suifogo, continua a receber leite para produção de queijo, mas devido ao impacto da seca e do mau ano agrícola, regista “queda acentuada” na produção.
A Cooperativa de Produtos Agrícolas e Pecuárias (Coopap), de Cutelo Capado, segundo o seu responsável, Camilo Nédio, já sentiu os efeitos da seca e com uma redução acentuada no fornecimento de leite.
Segundo o mesmo, a cooperativa continua a receber leite de 29 criadores da zona, mas em menor escala, apontando que antes recebia diariamente 350 litros de leite e que actualmente chegam apenas 125 litros.
A cooperativa vai continuar a funcionar e nos próximos dez dias vai analisar o evoluir da situação.
Se a tendência se mantiver a solução é mesmo encerrar as suas actividades, lembrando que ainda está a funcionar graças ao milho disponibilizado pela câmara.
Segundo Manuel Mendes, a situação de falta de pasto “é preocupante”, e a juntar regista-se escassez de milho e ração animal, não obstante o “aumento significativo” do preço.
Neste momento os criadores estão a desfazer de parte dos seus animais com receio de perdê-los no futuro por escassez de alimentos, na tentativa de manter o mínimo de cabeças possíveis até a próxima estação de chuvas.
Diariamente os criadores tem solicitado mais apoios das autoridades, sejam locais como nacionais, para assegurarem o salvamento de gado e queixam-se da ausência do Ministério da Agricultura na ilha. A Semana com Inforpress