Embaixador da Líbia sugere zona de comércio livre entre Cabo Verde, América Latina e países árabes
O embaixador da Líbia em Cabo Verde pediu uma mudança da política de investimentos para que Cabo Verde tenha investimentos dos países árabes e transformar-se numa zona de comércio livre entre eles, a África e a América Latina.
Salah Ali Abourgegha manifestou este posicionamento ao falar num encontro com presidentes de câmara do País, na cidade do Mindelo, que contou com a presença do presidente da Associação Nacional dos Municípios, Herménio Fernandes.
Segundo Salah Ali Abourgegha há três anos que está acreditado em Cabo Verde e “nenhuma autoridade local conversou com ele” sobre as possibilidades de investimento de empresários árabes no País, que possam gerar rendimentos e empregos.
Uma situação que considerou “um crime porque há pessoas que querem ajudar mas é como se Cabo Verde estivesse a negar esta ajuda”.
Conforme o diplomata, que diz ser um especialista em assuntos africanos e que há 18 anos trabalha em diferentes países da África, Cabo Verde é “um dos melhores lugares” por onde já passou e com “várias potencialidades”.
“Conheço vários investidores ricos e muitos deles perguntam-me se podem fazer investimentos em fábricas de conservas de sardinha e de processamento de atum em Cabo Verde porque querem apostar nisso, mas durante esses três anos ninguém daqui falou comigo sobre este assunto”, afirmou Salah Ali Abourgegha.
Disse ainda que um dos investidores líbios quer apostar na produção de água potável, mas que se trata de um investimento que ao mesmo tempo requer cooperação.
Considerando a situação geográfica de Cabo Verde “muito favorável”, o diplomata sugeriu a criação de uma zona de comércio livre entre os países árabes, a África e a América Latina.
“A situação geográfica de Cabo Verde é muito boa, porque é que não se pode criar uma zona de comércio livre entre esses países (…), poderão vir contentores dos países árabes e da África criando um lugar de trânsito em Cabo Verde e depois esses produtos seriam exportados para América e, em contrapartida, isso traria muitas divisas para Cabo Verde”, sugeriu.
Para Salah Ali Abourgegha, Cabo Verde deve seguir o exemplo de outras ilhas como as Canárias, Maurícias, Seychelles e Madagáscar, com “grandes investimentos estrangeiros” e que actulamente estão a “tirar proveito disso”.
Neste sentido propôs também a criação de uma delegação com presidentes de câmaras municipais especialistas na área do turismo para ir à Líbia mostrar as potencialidades de Cabo Verde, após a realização das eleições naquele país.
Essa delegação, explicou, poderá também fortalecer as relações com os países árabes como Catar, Kuwait e Arábia Saudita, entre outros.
“Estamos prontos, como a única embaixada dos países árabes em Cabo Verde para sermos interlocutores entre Cabo Verde e os países árabes. E só estamos à espera de receber um convite, um documento ou um pedido formal por parte do Governo e das câmaras para fazer este trabalho. Tudo que tem a ver com as despesas da viagem da delegação vai estar a cargo do estado da Líbia”, prometeu.
A mesma fonte sublinhou que a Líbia “gosta de Cabo Verde e do seu povo”, lembrando que “há 15 anos Cabo Verde tomou uma posição que os ajudou nas Nações Unidas” e que “muitas vezes o arquipélago tem tomado decisões de dentro organização mundial mostrando o apoio para com o seu país”.
“Por isso, não esquecemos o apoio de Cabo Verde e estamos dispostos também a retribuir e reforçar essas relações”, sintetizou o diplomata.
“Peço que levem em consideração a procura de investimento dos países árabes e dêem prioridade à Líbia porque estou convicto que o resultado vai ser grande”, assegurou Salah Ali Abourgegha, lembrando que nenhum país consegue se desenvolver sozinho, e que mesmo a Líbia precisou de investimento estrangeiro.
O embaixador da Líbia em Cabo Verde também destacou a “limpeza e organização no país, o respeito pelas leis” em Cabo Verde, notando que “as últimas eleições foram muito bem organizadas e decorreram de uma forma tranquila e que raramente isso acontece em África”.
“O povo de Cabo Verde é bem preparado culturalmente, tem direito de viver bem e tem possibilidades e forças para tal. É preciso investir para que os jovens cabo-verdianos não sirvam outros países como os da Europa e Cabo Verde acaba por perder”, defendeu.
CD/AA
Inforpress/Fim