PM de Cabo Verde reconhece insegurança alimentar mas descarta existência de fome

“Tenho visto gente a escrever neste sentido de ir ao extremo de levantar a bandeira da fome, que tem a ver muito com a vivência deste país resiliente, que ultrapassou de facto períodos de fome na década de 40”, respondeu o chefe do Governo, na cidade da Praia, quando questionado se a pobreza extrema tem levado a fome em Cabo Verde.

“Cabo Verde não mais viveu situações que se possa dizer de fome, há situações de dificuldades sim, há problemas de insegurança alimentar localizados, mas não se pode tentar extrapolar algumas situações para dizer que este país tem fome”, afirmou Correia e Silva, no final de uma visita à Fundação Cabo-verdiana de Ação Social Escolar (Ficase).

Com esta visita, o primeiro-ministro foi constatar a importância desta instituição na ação escolar no país, manifestando a vontade de integrá-la no “Programa Mais – Mobilização pela Aceleração da Inclusão Social”, criado pelo Governo para pôr fim à pobreza extrema e eliminação da pobreza absoluta até final da legislatura (2021–2026).

Lançado em 15 de dezembro, o programa conta com a participação de diversas instituições da sociedade civil e organizações não-governamentais (ONG).

De acordo com dados do Governo, Cabo Verde tem 115 mil pessoas na pobreza extrema, tendo o primeiro-ministro assumido o objetivo de a erradicar nos próximos cinco anos

“Estamos a falar de uma área que é fulcral, para permitir com que possamos quebrar o ciclo vicioso de pobreza que se transmite de pais para filhos”, salientou o primeiro-ministro, esperando uma “maior articulação” entre a Ficase, o Ministério da Família e Inclusão Social e os municípios cabo-verdianos.

Ulisses Correia e Silva referiu que o programa se encontra em andamento, estando já previsto oito milhões de escudos (72 mil euros) de dotação no Orçamento do Estado para este ano, prometendo aumentar esse valor, para atacar a pobreza nas suas várias frentes.

“A pobreza não é só um problema de rendimento, o rendimento é uma parte importante, é um problema de oportunidade, a parte da inclusão produtiva, é também criação de condições para que não haja transferência de pobreza de pais para filhos, é ter acesso a condições de habitabilidade, com dignidade, acesso à saúde”, salientou.

A Ficase beneficia atualmente mais de 100 mil crianças cabo-verdianas com alimentação nas cantinas escolares, um “número grande” de beneficiários de transporte e ‘kits’ escolares, avançou o primeiro-ministro. A Semana com Lusa

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