Sindicato celebra 30 anos com sentimento de “dever cumprido” e “preocupado” com situação laboral do País
O líder do Sindicato da Indústria, Serviço, Comércio, Agricultura e Pesca (SISCAP) fez essas considerações à margem da cerimónia de comemoração do 30º aniversário do sindicato, assinalado, hoje, com leque de actividades.
Enquanto dirigente do SISCAP, assegurou que a sua equipa está “muito satisfeita” com a trajectória do sindicato nesses 30 anos tendo considerado que foi uma caminhada longa de muita luta sindical com ganhos, mas também com perdas.
“Nos temos um sentimento de dever cumprido, sendo que os 14 sindicalistas que fundaram o SISCAP em 1992 defenderam com unhas e dentes, muita convicção e muita valentia a existência da UNTC-CS, numa altura em que se pretendia desmantelar a UNTC-CS foram esses 14 sindicalistas chamado do grupo de 14 que se uniram com muita bravura e conseguiram defender a existência da união sindical”, referiu.
Eliseu Tavares avançou que nessas três décadas de existência, o sindicato com seguiu criar e promover vários outros sindicatos e que o número de associados inscritos neste momento é a prova evidente de que houve ganhos, mas apesar de nos últimos anos os trabalhadores serem confrontados com dificuldades e cada vez mais barreiras.
O caso das cozinheiras das cantinas escolares que hoje dispõem de um salário, o acordo implementado com a Electra e melhoria nas condições de trabalho dos vigilantes e segurança privada, mas que ainda estão em situação precária a nível salarial, são alguns dos ganhos alcançados ao longo desses anos.
Em relação às perdas, adiantou que em 2021 o SISCAP perdeu dois dirigentes e considerou que é graças a esses fundadores que o sindicalismo em Cabo Verde esta mais forte.
“Temos essa historia que nos orgulha muito e que demonstra o valor que os dirigentes do SISCAP deram ao movimento sindical cabo-verdiano”, sublinhou Eliseu Tavares, que disse que a história do sindicalismo só pode ser construída com lutas e com abertura para o diálogo, que é a principal ferramenta de luta do sindicato.
O presidente avançou que o sindicato tem ainda enormes desafios, sendo que um deles passa por ajudar na criação de uma ferramenta que possa adoptar os trabalhadores e associados a um vínculo laboral mais estável.
“Por outro lado, tentar fazer com que o poder de compra que esta a ser gravemente afectado seja reposto, não sabemos de que forma vamos poder ajudar, mas o certo é que estamos disponíveis para luta, e deixo aqui um alerta, uma chamada de atenção e um desafio aos trabalhadores para aderirem as lutas porque é preciso debater essa degradação constante de poder de compra e da qualidade de vida”, apontou.
Acrescentou que outro desafio que é comum aos outros sindicatos, é a questão de medo e represálias que muitos trabalhadores sofrem ainda.
“O medo e represálias não combina com estado de direito, com democracia e com liberdade de expressão, mas é uma luta que o sindicato tem de fazer também em comum, mas que outras entidades especialmente ligadas ao trabalho, aos direitos e a determinados grupos profissionais devem colaborar e solidarizar-se e fazer com que de facto a defesa dos direitos dos trabalhadores possa ser uma defesa normal”, referiu.
Para o sindicalista, é preciso que os trabalhadores e os associados cumpram com os seus deveres, mas é preciso também que seja dada aos trabalhadores a oportunidade de reivindicarem quando houver motivos o que não tem faltado em Cabo Verde.
Eliseu Tavares considerou que a situação laboral em Cabo Verde infelizmente não é boa porque os trabalhadores estão de uma forma geral descontentes, sendo que grande parte não tem um salário completo, com o cenário de lay off, não tem um salário digno e os bens de primeira necessidade aumentou.
Nesse sentido, realçou que é preciso fazer com que esse desagrado e descontentamento seja posto em prática e em acção, tendo apelado a sociedade civil, em especial aos trabalhadores a continuarem com a luta.
Para finalizar adiantou que o SISCAP tem neste momento um grande número de associados, mas que infelizmente são aqueles que tem um vínculo laboral mais frágil e precário. A Semana com Inforpress