Chã das Caldeiras sem adega definitiva e assentamento para as 43 famílias identificadas
Eva Ortet e Luís Pires, eleitos pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) pelo círculo eleitoral do Fogo, avançaram esta informação à Inforpress no final da tarde de terça-feira, 15, quando visitavam a comunidade de Chã das Caldeiras.
“Chã das Caldeiras é o que se sabe, o Tribunal de Contas está a pedir as contas e a população está a exigir as obras”, declarou Eva Ortet, que indicou que o anterior governo deixou “recursos, plano para construção do novo assentamento e todas as infraestrutura essenciais”, como escola, jardim, igrejas, estrada e adega definitiva.
A deputada considerou que apesar de a comunidade ter beneficiado de enquadramento especial no programa do Governo e de um plano detalhado, ainda não foram solucionadas as reivindicações das famílias desalojadas e algumas infra-estruturas construídas não tem a qualidade que havia sido projetado, como a estrada Cova Tinha/Campanas de Cima.
“Neste momento o troço Piorno/Campanas de Cima está parado devido a dívidas para com a empresa construtora, as famílias aguardam pelo assentamento e os viticultores pelo desfecho da adega definitiva que foi objecto de vários concursos”, destacou a deputada, que perguntou pelo paradeiro do dinheiro para a construção desta infra-estrutura económica.
Para os parlamentares do PAICV, os recursos arrecadados com a mudança do IVA “foram gastos e não há prestação de contas” relacionadas com as despesas, e “não há obras” para justificar os recursos disponibilizados.
Sobre a adega, os deputados avançam que o ministro da Agricultura indicara que o Governo não vai financiar a sua construção e prometeu falar com os viticultores ou empresários para tentar uma parceria público/privada, mas a construção da adega assim como foi projetada “não vai acontecer”.
A mesma coisa acontece com o assentamento e, neste momento, fala-se, segundo Eva Ortet, na possibilidade de disponibilizar recursos às famílias para a construção das suas próprias casas, lembrando que muitas das famílias regressaram à Chã onde é “visível alguma dinâmica de construção”.
O deputado Luís Pires, por seu lado, avançou que depois do “barulho feito em 2016 para ganhar as eleições”, passados seis anos Chã das Caldeiras “está abandonada” e não há ainda sequer a conclusão de uma escola básica, e a estrada foi “uma brincadeira para com a população”.
“Temos uma estrada moderna de Salto à entrada de Chã das Caldeiras e no interior temos uma estrada de dimensão reduzida num sítio com problemas e riscos de erupção, com grande ambição nas agro-indústrias e outras actividades”, destacou o deputado.
Para Luís Pires, a estrada Monte Velha/Campanas de Cima não serve o futuro de Chã das Caldeiras e da ilha, por ser estreita, num sítio que por razões de protecção civil é necessário ter uma porta de entrada e de saída em condições.
“Há inúmeros incumprimentos em relação ao relançamento económico do Fogo que devia acontecer a partir de Chã das Caldeiras”, salientou o deputado.
Os dois parlamentares do PAICV aplaudem, no entanto, a iniciativa do Governo quanto à criação da Zona Económica Especial Vulcanológica, formulando votos para que a mesma não fique no papel e que os incentivos sejam postos à disposição da população para o desenvolvimento do agro negócio, ecoturismo e uma série de outras atividades.
“No papel temos o plano detalhado de Chã das Caldeiras, mas as construções não obedecem nada que está no papel e esperemos que a Zona Económica Especial saia do papel, beneficiando e impulsionando o desenvolvimento económico da ilha do Fogo”, finalizou Luís Pires.
A Semana com Inforpress