Empresa produtora e polícia económica querem atacar roubo de energia em Cabo Verde
Segundo a Lusa, o protocolo foi assinado pelo inspetor-geral da IGAE, Paulo Monteiro, e pelo presidente da Electra, Luís Teixeira, que avançou que as perdas técnicas e não técnicas (roubo) chegaram a 25,5% no ano passado, causando prejuízos económicos de mais 2,8 mil milhões de escudos anuais (25 milhões de euros).
"São números que põem em causa a sustentabilidade da empresa, da economia, mas também a segurança energética do país", salientou o presidente da empresa Electra, considerando que o protocolo com a IGAE vai ser um meio "mais eficaz, mais duro e mais musculado" para combater o roubo de energia no país.
"Nós temos clientes que querem pagar, mas não conseguem, pessoas mais vulneráveis, o Governo já introduziu a tarifa social, hoje temos mais de 15 mil pessoas a beneficiar de descontos da tarifa social, mas quando falamos de operadores económicos que podem pagar, têm que pagar por esse serviço, e a única forma é aplicando a lei", afirmou.
Por sua vez, o inspetor-geral Paulo Monteiro lembrou que a IGAE é a autoridade policial na área de crime económico que poderá fazer um trabalho "muito frutífero" em relação ao furto de energia elétrica, na cidade da Praia e não só.
Conforme ainda a Lusa, a partir de sexta-feira, estas duas entidades vão estar no terreno a sensibilizar os operadores económicos no sentido de não se enveredaram pelo roubo de energia, mas também que paguem as suas faturas.
De acordo com a informação divulgada na semana passada pela Electra, mais de um quarto da eletricidade produzida em Cabo Verde em 2021 foi dada como perdida, não sendo faturada pela empresa, que recorreu, entre outros, a 13,6 milhões de litros de gasóleo para essa produção.
Segundo o grupo estatal, a produção de eletricidade ascendeu a 441.580.109 KWh (Quilowatt-hora) em todo o ano de 2021 e de água a 8.687.416 metros cúbicos.
As vendas ascenderam a 286.724.566 KWh, de eletricidade, e 6.971.992 metros cúbicos de água.
A empresa de produção de eletricidade (componente que o Governo já anunciou que será privatizada) e água acrescenta que as perdas totais de eletricidade representaram 25,5% da produção total.
Em 2020, a empresa deu como perdida 26,1% da produção total de eletricidade e em 2019 essa perda foi de 24,8% do total.
A empresa terminou o ano de 2021 com 162.958 clientes ativos de eletricidade e 31.031 de água. Destes totais, 15.246 são clientes beneficiários da tarifa social de eletricidade e 847 da tarifa social da água.
O conselho de administração do grupo Electra avisou nos últimos dias que o "elevado número" de clientes com faturas de energia elétrica em atraso ameaça a sustentabilidade de todo o setor energético no arquipélago.
Em outubro, a empresa anunciou que já tinha instalado em grandes consumidores da região Sul do país cerca de 2.000 contadores inteligentes para combater as perdas e roubos de energia, permitindo aos consumidores/clientes acompanhar diariamente o seu consumo.
O projeto foi financiado pelo Banco Mundial, em 300 mil euros, mas o objetivo da Electra é a sua massificação nas casas das pessoas, nas empresas e nos serviços, podendo também chegar à iluminação pública, conclui a fonte deste jornal.