Greve-geral e manifestação de professores: Líder do SINDEP apela para forte engajamento de todos nestas jornadas de luta sindical

Confirma que vai haver greve-geral e manifestação no próximo 23 de março e luto nacional de professores no dia 23 de abril?

- Evidentemente que sim. O SINDEP está a trabalhar na realização dessa greve a nível nacional no dia 23 de Março. Projetamos também para o dia 23 de abril, Dia do Professor cabo-verdiano, o luto nacional, já que não temos aula nesse dia que é feriado. Vestidos de preto, os professores vão transmitir a toda sociedade cabo-verdiana um certo sentimento de luto que estão a viver devido à não resolução dos seus problemas.

Mas como vão os preparativos da greve e manifestação de 23 de Março?

- Nós estamos no terreno. Ou seja, desde da última manifestação de 1 de fevereiro realizada em Santiago, São Vicente e Santo Antão, os nossos dirigentes estão no terreno a nível nacional a trabalhar na mobilização para as sucessivas lutas, caso vierem ser necessárias, até que aconteça a resolução definitiva de todas as reivindicações da classe docente.

Reivindicações e sentimento de revolta pelos professores

Em resumo, quais são as principais reivindicações dos professores?

- Para o SINDEP, o caso mais gritante são as reclassificações dos professores, que remontam desde 2016 a esta parte. Temos uma outra grande questão que tem a ver com a publicação das aposentações, porque apenas os professores, mesmo tendo completado o seu tempo de serviço estipulado nos estatutos para efeito de reforma, continuam a trabalhar e fazer descontos mensais. Todas essas aposentações deveriam ficar concluídas em dezembro de 2021, mas nós estamos já em março e elas não foram ainda publicadas. Há ainda os subsídios pela não redução da carga horária para professores que trabalham na monodocência. São em numerários e vêm desde 2017 a esta data. Deveriam ser pagos mensalmente e sem qualquer desconto. Uma outra grande reivindicação refere ao congelamento da carreira dos professores, desde 2014 a este momento. Temos igualmente o congelamento do salário. São, portanto, várias questões que afetam classe docente.

Nós queremos ver todas essas reivindicações ultrapassadas de uma vez por todas. Não existe nenhum professor cabo-verdiano que não está a ser injustiçado, vendo os seus direitos laborais violados pelo Estado, representado através do Governo da República.

Qual é o sentimento geral dos professores face a esses bloqueios?

- Todos os professores estão altamente insatisfeitos, porque não vêem os seus problemas resolvidos. São mal tratados e injuriados pelos gestores, tanto a nível central como a nível local – diretores de escolas, delegados e diretores dos serviços centrais do Ministério da Educação. Eles fazem e desfazem, ou seja, abusam como bem entenderem dos professores. No período das avaliações os professores estão, constantemente, obrigados a mais trabalho e sem beneficiarem de qualquer recompensa. Por isso, o sentimento generalizado dos professores é de total insatisfação e desmotivação. Nós temos professores que nos dizem que se tivessem uma outra forma de conseguir rendimentos para o sustento da família abandonariam a docência. Isto é um mau sinal para a educação em Cabo Verde.

Apelo para participação de todos os professores na manifestação

Diante da situação descrita, que apelo faz no sentido de os professores participarem ativamente nas jornadas de luta sindical de 23 de março e 23 de abril deste ano?

- Apelemos que sejam solidários uns com os outros na resolução dos problemas que afetam a todos. Que engajam, ou seja, estejam ao lado do SINDEP, que é organização sindical que defende de facto a classe docente cabo-verdiana. Isto para podermos, de uma forma compacta, tanto no dia 23 de março como no dia 23 de abril, exigir a resolução urgente de todos os problemas pendentes. Para tal, é necessário o engajamento de todos os professores cabo-verdianos para que possamos fazer o governo da República a respeitar essa classe, que é pai e mãe de todas as outras profissões que existem. Cabo Verde tem como principal riqueza o recurso humano, que é fundamental para o seu desenvolvimento. E para haver esse desenvolvimento temos que ter professores motivados para levar avante uma educação de qualidade no país, resolvendo os seus problemas.

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