Cabo Verde tem de deixar combustíveis fósseis e não pode pagar fatura sem responsabilidades - PM
Ao intervir na abertura da terceira Feira Internacional de Energias Renováveis e Eficiência Energética (FIEREE), que começou hoje na Praia, o chefe do Governo cabo-verdiano recordou que "desde 2016" que a aposta nas energias renováveis em Cabo Verde — que já representam 20% da produção total de eletricidade no país — foi definida pelo atual executivo "como um propósito acelerador da resiliência da redução das vulnerabilidades e da redução dos choques externos".
"Hoje tenho a impressão que ninguém no mundo tem dúvidas de que este é o caminho e deve ser seguido com muita perseverança, com muita intensidade, para não estarmos a pagar preços relativamente a situações que acontecem que não são da nossa responsabilidade, que não têm nenhuma contribuição nossa, mas que afetam fortemente a economia, afetam fortemente a vida das pessoas, afetam fortemente o crescimento económico", afirmou Ulisses Correia e Silva.
Na FIEREE 2022 participam, até sábado, cerca de 40 expositores provenientes do Canadá, Portugal, Alemanha, República Checa e países da região da África Ocidental, num tema que, sublinhou Ulisses Correia e Silva, ganhou "centralidade acrescida com a guerra na Ucrânia", face à escalada de preços da energia.
Só até ao final de fevereiro, os preços dos combustíveis já tinham duplicado, em termos homólogos.
A feira acontece por isso, apontou, "num momento oportuno", em que Cabo Verde "é chamado a ser mais uma vez resiliente, perante as adversidades que o mundo atravessa", além dos anteriores objetivos ambientais e climáticos.
"Sentimos, nunca como antes, os efeitos do choque energético através dos impactos nos preços dos combustíveis, na inflação, no rendimento e no crescimento económicos. Falo do efeito conjugado da crise pandémica que ainda acontece e da invasão e da guerra na Ucrânia", disse.
Ulisses Correia e Silva pediu que "para além dos discursos", a feira permita "concretizar investimentos e parcerias", tendo em conta a aposta "prioritária" de Cabo Verde na transição energética, para "reduzir a dependência e a fatura energética" do país.
"Temos matéria-prima em abundância: sol, vento e mar. Então, temos que juntar a tecnologia, conhecimento, regulação e regulamentação de mercados, incentivos e parcerias para investimentos privados", disse ainda.
O Governo cabo-verdiano definiu a meta de o país atingir até 2030 mais de 50% da energia elétrica produzida por fontes renováveis (eólica e solar) e até 2026 pretende ter um quarto da frota automóvel nacional composta por veículos elétricos, que sobe para 30% nas viaturas a adquirir pela administração pública.
Até 2050, o objetivo é ter 100% de mobilidade elétrica no país. A Semana com Lusa