Cabo-verdiana TACV aumenta voos para Portugal para seis frequências por semana
Em comunicado citado pela Lusa, a Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) refere que vai aumentar a partir daquela data para três semanais (atualmente são duas) as ligações entre Praia e Lisboa, realizando-se às quartas, sextas e domingos, com regresso à capital cabo-verdiana às segundas, quintas e sábados.
Acrescenta que passa a voar da ilha do Sal para Lisboa às quartas e sábados (atualmente há uma ligação por semana) e regresso às segundas e sextas, e de São Vicente para a capital portuguesa às segundas e quintas (um voo atualmente por semana) e regresso à ilha cabo-verdiana às quartas e domingos, já com recurso ao Boeing 737-700 fornecido pela angolana TAAG em regime de ’leasing’.
"A TACV - Cabo Verde Airlines vem, gradualmente, ajustando a operação com base na evolução da pandemia da covid-19 e a recuperação dos mercados emissores", lê-se no comunicado da companhia, referindo ainda que "já está a operar com tripulação mista, tripulação angolana e cabo-verdiana".
Segundo a TACV, o objetivo é "operar com tripulação 100% cabo-verdiana no início do mês de junho".
A presidente do conselho de administração da TACV disse esta segunda-feira, no parlamento, que a companhia está em processo para contratar um avião para retomar as operações ainda este ano para Boston, Brasil e Paris.
Em resposta a uma pergunta dos deputados durante uma audição na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Nacional à privatização da companhia de bandeira nacional, Sara Pires recordou que a empresa iniciou em finais do ano passado uma retoma "muito tímida", apenas com um voo semanal Praia — Lisboa, que depois aumentou para dois, passando a partir de julho para três semanais em cada sentido, acrescenta a Lusa.
Além disso, avançou que posteriormente foram introduzidas as rotas de São Vicente e do Sal, "tudo em passos firmes" para evitar erros. "E as metas é introduzir paulatinamente, conforme for as condições do mercado, nomeadamente a rota de Boston, de Paris e do Brasil ainda este ano", acrescentou.
Para isso, a empresa está em processo para alugar um aparelho, o que deverá ser feito à maior empresa de aluguer de aviões do mundo, cujos representantes estiveram recentemente em visita de trabalho na cidade da Praia.
"Poderá ser também uma possível empresa a alugar aparelhos à TACV", previu a dirigente, indicando que todos esses aparelhos vão juntar-se a um Boeing 737-700 fornecido pela angolana TAAG, em regime de ’leasing’.
Conforme a mesma fonte, Sara Pires disse que após conclusão do processo de certificação, o avião cedido pela TAAG está a operar desde 25 de março, com voos de e para Lisboa, com tripulação angolana, e há uma semana que tem matrícula cabo-verdiana e em regime de ’dry lease’, ou seja, com tripulação cabo-verdiana e todos os restantes custos pagos por Cabo Verde.
Num balanço aos quase cinco meses da retoma das operações, a presidente disse que têm estado a decorrer num bom ritmo, com uma "excelente taxa de ocupação" na rota de e para a Praia, com média de 80%.
A responsável justificou essa redução com as limitações com os meios de pagamento, garantindo que brevemente a empresa vai poder realizar os seus pagamentos via cartão de crédito com um novo provedor.
Em relação aos voos de e para São Vicente, avançou que têm tido uma taxa de ocupação média à volta de 75%, considerada boa, mas o mesmo já não se pode dizer para o Sal, entre 45% e 50%.
Sara Pires justificou essa baixa taxa com o facto de Sal, que começou em fevereiro, ser um mercado turístico e não da "saudade", mas garantiu que já há um operador turístico que comprou os voos de verão, como forma de rentabilizar a rota aérea.
"É preciso continuar a operar para que o mercado veja a companhia a operar, para que exista um sinal ao mercado para que este possa aderir, e já estamos a colher frutos, com os voos de verão que já estão com uma boa taxa de ocupação", manifestou.
Neste momento, a TACV tem um total de 204 trabalhadores, mas que ainda é um número excessivo, sobretudo na área operacional, esperando reduzir em 45 para estar num nível desejável, que deverá acontecer via rescisão por mútuo acordo, pré-reforma, bem como afetação a áreas com défice, garantindo que a rescisão unilateral é o "último recurso".
Em agosto de 2017, o grupo Icelandair, da Islândia, assumiu a gestão do negócio internacional da companhia aérea pública cabo-verdiana e em março de 2019 o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde.
A Lusa lembra que a empresa é detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines — nome comercial da companhia) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
Entretanto, na sequência da paralisação da companhia durante a pandemia de covid-19, o Estado cabo-verdiano assumiu em 06 de julho de 2021 a posição de 51% na TACV, alegando vários incumprimentos na gestão, e dissolveu de imediato os corpos sociais.
Em 26 de novembro de 2021, a Loftleidir Cabo Verde anunciou que deu início a um processo arbitral contra o Estado cabo-verdiano alegando "violação dos acordos celebrados entre as partes", face à renacionalização da companhia aérea de bandeira.
A TACV suspendeu os voos comerciais em março de 2020, devido às restrições para conter a pandemia de covid-19 e só retomou a operação, já de novo nas mãos do Estado cabo-verdiano, em dezembro de 2021, apenas com um avião e duas ligações semanais entre a Praia e Lisboa.
A CPI foi solicitada pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição desde 2016), conta com deputados do Movimento para a Democracia (MpD, no poder) e um da União Cabo-verdiana Independente e de Democrática (UCID, oposição) e durante os próximos dias vai ouvir diversas personalidades ligadas à empresa e ao processo de reestruturação/privatização, conclui a fonte deste jornal.