Manifestação marca inauguração da unidade dessalinizadora de água da zona Norte
Algumas pessoas em João Galego tentaram impedir o percurso da comitiva que seguia para Fundo das Figueiras, onde o primeiro-ministro, José Ulisses Correia e Silva, presidiu hoje à inauguração da unidade dessalinizadora, no âmbito do Projecto de Mobilização de Água Dessalinizada para os povoados da zona Norte da ilha da Boa Vista.
Na tentativa de interceptar o percurso ao final da estrada principal, na Rua Direita, mais precisamente nos safaris, os manifestantes enfileiraram “bóias” e baldes de água, onde proferiram palavras de protesto, interrogando entre outras questões sobre o projecto e a disponibilização da rede de água em todas as casas.
O mesmo protesto aconteceu junto à instalação da unidade dessalinizadora hora inaugurada, em Fundo das Figueiras, onde as pessoas dirigiam palavras, questionando igualmente o chefe de Governo sobre o projecto, alegando haver somente 40 casas com ligação da rede de água domiciliária.
Um dos manifestantes, Steven Santos, disse ao primeiro-ministro que não está em causa o projecto, mas, sim, como se efectivou o processo, alegando que foi apresentado somente um croqui do mesmo em vésperas das eleições, tendo sido dado a conhecer e visto pela população pela primeira vez somente hoje.
Ainda segundo este residente, nunca se colocou uma placa da obra, e que por isso desconhecem a data do início e previsão de término da obra, pelo que reiterou, não estar em causa o projecto mas sim o processo lento e falta de informações sobre o mesmo.
“Hoje se faz esta inauguração com 40 casas ligadas a rede de água”, afirmou, questionando porque é que não se aguardou pela ligação de água a todas as casas para se efetuar a inauguração.
É que ao seu ver, desta forma seria mais bonito para a localidade e para o bem de todos. O morador analisou também que há dois furos, e devido a escassez de chuvas na ilha, questionou se os dois poços irão aguentar e dar sustentabilidade no abastecimento de água.
“Há mar por perto, a menos de dois quilómetros da zona Norte”, disse, interrogando porque é que não se fez a ligação e dessalinização da água do mar para o abastecimento de água.
Steven Santos observou que há que se “auscultar e ter respeito” para com a população.
O morador indicou que não há água para a rega, atestando ainda que Boa Vista precisa de desenvolvimento e de projectos estruturantes, os quais não se vê.
Outra habitante, Isaurinda Mendes, explicou que o objectivo da manifestação não era estragar o momento, acrescentando que se pretendia com a paragem em João Galego convidar o primeiro-ministro a visitar naquela localidade para poder averiguar que o trabalho não está pronto, sendo que as ruas estão ainda cheias de valas, pedras, e que ainda não se fez valas para todas as residências.
Ou seja, segundo argumentou a moradora, é um processo longo que ainda não está no fim, referindo que o que mais almeja a população da zona Norte é ter água em condições nas torneiras.
“Passamos por penúrias de água todo este tempo, juntos, logo queríamos fazer a grande festa de inauguração unidos, e como deveria ser bem feito com adesão e alegria de todos. Não tivemos nenhum prazer em realizar a manifestação, mas foi necessário e preciso”, lamentou.
Assim como instou Steeven Santos, Isaurinda Mendes exige que para próxima, se oiça e que se trabalhe junto com a população para que se faça algo que traga alegria e orgulho, lamentando, entretanto, que não se encontrou outra forma de falar sobre o assunto que não fosse durante o momento do acto da inauguração da unidade dessalinizadora de água da zona Norte. A Semana com Inforpress