Cabo Verde liga-se ao cabo submarino EllaLink e quer exportar internet para África
“Marca, de facto, uma nova era das telecomunicações e da Internet em Cabo Verde”, afirmou o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, no evento oficial de ligação ao EllaLink, que se realizou hoje na Praia, sublinhando a importância deste investimento para posicionar o arquipélago como um ‘hub’ tecnológico “relevante” em África e no Atlântico médio.
De acordo com Ulisses Correia e Silva, a economia digital já representa 6% do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano, mas a meta é “subir para pelo menos 25%”, dando como exemplo a possibilidade de Cabo Verde atrair empresas tecnológicas e nómadas digitais para trabalharem a partir do arquipélago, face ao aumento da capacidade de tráfego possibilitado pelo novo cabo submarino de fibra ótica, que será ainda rentabilizado pela conclusão, em curso, da ligação submarina Share Cable, entre a Praia e Dacar, no Senegal.
“Está praticamente finalizado e entrará brevemente em funcionamento, permitindo melhorar consideravelmente a largura da banda larga total para exportação por Cabo Verde para o Senegal e países da África ocidental”, assumiu o chefe do Governo.
O cabo submarino EllaLink, com ligações em terra em Portugal continental (Sines), Marrocos, Madeira, Cabo Verde e Brasil (Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro), tem quatro pares de fibra ótica de última geração e segundo a Cabo Verde Telecom (CVT), que assumiu o investimento da ligação daquele projeto privado ao arquipélago, terá uma capacidade pelo menos dez vezes superior à única ligação submarina que serve o país.
Contudo, a capacidade prevista do Ellalink, de 12,6 terabits de dados por segundo, a entregar à CVT — com uma redução da latência atual em cerca de 40% e que pela primeira vez permitirá ao arquipélago ligações independentes e diretas para a América Latina e para a Europa -, poderá ser ampliada mais tarde até 70 terabits por segundo.
Investimento de 30 milhoes de dólares
João Domingos Correia, presidente do conselho de administração da CVT(foto principal destaque), sublinhou que o investimento na ligação ao novo cabo submarino é a “melhor via para a modernização do negócio” da empresa, controlada pelo Estado cabo-verdiano, e que vai “mitigar” as dificuldades das ligações internacionais de dados.
“Hoje, com a ativação do sistema, fica o marco histórico, de grande relevância para o país e para o setor das telecomunicações”, afirmou, prevendo um “efeito catalisador” da nova ligação em todos os setores de atividade em Cabo Verde, incluindo ao nível da segurança, pela redundância que passa a existir.
A ligação do EllaLink a Cabo Verde está orçada em 30 milhões de dólares (28 milhões de euros), com um financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI) no montante de 25 milhões de dólares (23,4 milhões de euros), com aval do Governo de Cabo Verde, incluindo cinco milhões de dólares (4,7 milhões de euros) para a construção da estação de ligação, em curso, na Praia.
“Cabo Verde fica a partir de hoje um pouco mais perto. Mais perto não apenas de Portugal, do Luxemburgo ou do Bruxelas, da Europa, mas mais perto do mundo. E o mundo que conhecemos hoje é um mundo digital”, afirmou, ao intervir no evento de hoje, o vice-presidente do BEI, Ricardo Mourinho Félix, sublinhando tratar-se de um projeto que é um “símbolo”, também, da relação da União Europeia com Cabo Verde.
O sistema EllaLink consiste num cabo submarino atlântico de fibra ótica de última geração, projetado para atender à demanda de tráfego entre a Europa e a América Latina, com possibilidade de inclusão do tráfego da região da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a partir de Cabo Verde, segundo a CVT.
O projeto é considerado pela empresa de telecomunicações como de “grande importância para o desenvolvimento das comunicações em Cabo Verde”, porque representa um “leque muito valioso de oportunidades em matéria de conectividade, mobilidade e integração”. A Semana com Lusa/Fotos Inforpress/Lusa/Arquivo