Demolição de barracas e realojamento das famílias em habitações sociais terá início em Julho
Esta informação foi avançada pela directora-geral de Habitação, Eneida Morais, que falava à Inforpress sobre o programa de realojamento das famílias que vivem em barracas no bairro de Boa Esperança, processo iniciado em 2017 com lista de cadastro de 517 famílias.
A Inforpress esteve entes em contacto com duas moradoras do bairro de Boa Esperança que se dizem “ansiosas” para a mudança para as habitações sociais, alegando que lhes conferirá condições condignas de habitação e segurança, mormente nesta época em que as barracas são fustigadas pelas águas das chuvas.
“Vivo aqui há seis anos junto com os meus filhos. Disseram-nos para aguardar pelos contratos para que possamos mudar para a habitação social, mas ainda não fui contactada. Não vejo a hora disto acontecer”, disse Siomaria que conta os dias para poder viver numa casa condigna sem temer pela segurança dos três filhos.
Por sua vez, Elvelyse, que reside há menos tempo numa habitação clandestina, explicou que o seu marido já foi contactado sobre este processo, e assegurou que, assim que forem de novo abordados, irão cumprir o acordado, assinando o contrato e aceitando a demolição da barraca.
A mesma fonte disse esperar por isso “com entusiasmo”, pois receia que com a chegada das chuvas volte a enfrentar o problema de inundação que atinge a casa onde vive.
“Uma boa parte dos beneficiários já aguarda a assinatura dos contratos para se poder proceder à demolição que está prevista para 2 de Julho, se tudo correr bem. É uma data optimista, mas com a chegada das chuvas temos urgência”, afirmou a diretora-geral de Habitação.
Entretanto a mesma ressaltou que a data poderá ser acertada no mais tardar na segunda semana de Julho, altura em que se dará início ao processo de demolição das barracas, erradicando esta tipologia de casas na ilha da Boa Vista.
Conforme Eneida Morais, segundo constava no cadastro feito pelo Governo através do Ministério das Infraestruturas, na zona sul do bairro de Boa Esperança havia 517 famílias, tendo sido realojadas cerca de 357 em apartamentos de Casa para Todos, e ficaram por realojar cerca de 167 que foram enquadradas no programa para serem realojadas nas recém-inauguradas habitações em Chã de Salinas.
Entretanto, segundo indicou, no mês de Fevereiro deste ano, feito novo levantamento, registou-se um acréscimo de mais 128 famílias que habitam no mesmo bairro, além das que estavam já contempladas para serem beneficiárias do programa de realojamento.
No mês de Junho, Eneida Morais acrescentou que, após as listas e o processo estar fechado, houve uma nova inscrição de mais 35 famílias.
Posto isto, a mesma analisou que, a cada instante, a situação fica complexa, alegando que há famílias que aproveitam da situação, procurando a zona sul para alojarem-se em barracas com intenção de virem a integrar o processo do programa de realojamento.
“Já fechamos a lista e estamos a tentar ser o mais justo possível em realojar as famílias com mais tempo nas barracas. Com a chegada da época das chuvas até o mês de Agosto pretendemos realojar todas as famílias”, reiterou, referindo-se às 167 famílias da zona sul, juntamente com as outras 128 famílias que residem há pelo menos um ano em barracas, no sul do bairro.
E para isso, explicou que se tem pautado pelo diálogo, pelo que agradeceu à compreensão dos não contemplados que se têm demonstrado compreensivos e cientes de que têm de procurar outro lugar para morar.
“Mas, mais do que isso não conseguiremos porque senão não há casa que chegue para estas famílias”, pontuou, apontando críticas à fiscalização que é da competência da Câmara Municipal da Boa Vista.
No entender da diretora-geral de Habitação Social, apesar de se estar a trabalhar em estreita colaboração, a autarquia local “falhou” neste quesito, considerando que há situações de barracas arrendadas em que os proprietários, por um ou outro motivo, não autorizam a demolição, ao mesmo tempo que, lamentou, todos os dias entram pessoas no bairro com outras moradias clandestinas.
“Isto infelizmente nos ultrapassa e não é da nossa competência, não podemos fazer este controlo no terreno”, sublinhou, esperando que desta vez a câmara municipal esteja devidamente articulada com o Ministério das Infraestruturas e Ordenamento do Território para “não haver mais oportunismos”.
“A zona sul será totalmente demolida e principalmente com as famílias a viver com dignidade em habitações condigna”, pontuou, apelando à colaboração de todos neste processo para o bem da ilha da Boa Vista.
A Semana com Inforpress