Universidades registam fraca participação de mulheres nos cursos de Engenharia apesar das ofertas formativas

Esta informação foi avançada à Inforpress por docentes da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) e da Jean Piaget, no âmbito do Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, que se assinala hoje e que este ano tem como lema “Inventores e Inovadores”.

Segundo a docente e investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Cabo Verde, Elisabeth Andrade, a referida instituição pública de enino superior, tem desempenhado um “papel importante” incentivando o ingresso de estudantes na área da Engenharia através das ofertas formativas.

Conforme especificou, as alunas, em particular, que escolhem os cursos de Engenharia na Uni-CV têm opções de se formarem nas áreas de Engenharia Eletrotécnica, Engenharia Informática, Engenharia Química e Biológica, Engenharia Alimentar, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, tendo realçado que essas ofertas representam uma mais-valia tanto para mulheres como para homens.

“Apesar de termos essas ofertas formativas, deparamos que a participação das meninas nos cursos de Engenharia é muito baixa, embora isso vem melhorando um pouco a cada ano. Por exemplo, no ano lectivo 2021/2022 verificamos que nos ingressos ainda temos poucas meninas, por exemplo, turmas com 40 alunos somente quatro são meninas”, indicou.

Segundo esta responsável, os cursos de Engenharia Informática e Computadores, Engenharia Electrotécnica são os cursos com maior procura de uma forma geral, tendo referido que os cursos com uma percentagem de meninas maior é o curso de Engenharia Alimentar e Engenharia Química e Biológica, em que 90% da turma é constituída por mulheres.

“Na Engenharia Informática e Computador este ano lectivo temos 57 alunos inscritos sendo 13 meninas, na Engenharia Eletrotécnica temos 46 inscritos sendo cinco alunas algumas inclusive são repetentes, Engenharia Civil temos 44 estudantes sendo 10 meninas, Engenharia Mecânica tem 25 alunos sendo três meninas”, adiantou.

Por seu turno, a diretora do Centro de Inovação e Sustentabilidade da Universidade privada Jean Piaget, Emília Tavares, adiantou que o número de meninas que ingressam nos cursos de Engenharia são “infinitamente menores” comparados com o número de homens que se formam nesta área.

“Ao longo dos anos o número de mulheres inscritas nos cursos de Engenharia tem aumentado e este ano registamos um número superior ao ano anterior, mas ainda é cedo para fazermos esta avaliação porque a taxa de desistência costuma aumentar”, declarou, realçando que a Jean Piaget tem realizado anualmente ações de promoção e ingressão de mulheres na referida área.

Esta universidade privada tem no seu plano curricular os cursos de Engenharia de Construção Civil, Engenharia Eletrotécnica e Manutenção Industrial e Engenharia de Sistemas Informática nesse momento o curso com maior procura por parte de mulheres é o curso de Engenharia Sistema Informática.

“Já tentamos perceber porque é que as mulheres escolhem menos as áreas tecnológicas que os homens, mas ainda há uma disparidade enorme é preciso ainda muita sensibilização ou ainda é preciso entender qual é o cerne da questão porque pode ser uma tendência mundial. É preciso perceber o que está por detrás, se será porque as meninas não têm aptidão ou porque têm medo de escolher a profissão”, salientou.

Adiantou ainda que a percentagem de mulheres a cursar Engenharia na Universidade Jean Piaget é de 10%, um número que considera “muito reduzido” e que os dados da taxa de sucesso de conclusão dos estudos e obtenção do diploma apontam que a percentagem é “muito baixa”.

O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia é comemorado anualmente em 23 de Junho. A data foi criada pela Women’s Engineering Society (WES), que foi fundada por um pequeno grupo de engenheiras em Londres em Junho de 1919 – um século atrás.

A efeméride tem como objectivo fortalecer o espaço que as engenheiras vêm ganhando na profissão, antes maioritariamente ocupada por homens.

A Semana com Inforpress

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