Jovem emigrante morre na Brava por atraso na evacuação
Deputado Clovis Silva exige, em carta aberta ao governo, que se resolva o problema da ligação marítima e área da ilha com o resto do país. Em carta dirigida ao governo, o deputado nacional Clovis da Silva exige que se resolva, o mais rápido possível, as ligações aéreas e marítimas da Brava com o resto de país. Em causa tá a morte, hoje, de um jovem que veio de férias dos EUA, por alegadamente não ter sido evacuado a tempo para o Hospital Regional do Fogo devido a inecistencia de transporte marítmo. «Excelências, a nossa Ilha hoje amanheceu novamente triste e consternada por mais uma vida que se perdeu pela precariedade da situação dos transportes existentes, sendo este último caso referente a um jovem adolescente que veio de férias dos EUA, e que, apesar dos esforços dos amigos e familiares para se recorrer a pequenas embarcações, entre avarias e a falta de outras opções, não foi possível fazê-lo chegar a tempo ao hospital regional do Fogo, vindo a falecer. Para a enorme tristeza da Ilha Brava», escreve consternado. O parlamentar do maior partido da oposição defende, por outro lado, que é necessário que o navio Kriola ou Liberdade voltem a ter que pernoitar na Ilha, como era exigência anterior, pois garante que diariamente os habitantes da ilha tenham uma primeira alternativa que os ligue em 30 minutos ao hospital regional. «Por fim, decorridos vários anos da instalação dos equipamentos para a averiguação das condições para a construção de um aeródromo para a ilha, cremos ser necessário que a população saiba a decisão definitiva do governo quanto a esta questão», exige Clóvis da Silva, na carta aberta que publicamos a seguir.
CARTA ABERTA AO GOVERNO DE CABO VERDE
Excelências,
SR. PRIMEIRO-MINISTRO,
SR. MINISTRO DA SAÚDE,
SR. MINISTRO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA
E SRA. MINISTRA DA DEFESA
Enquanto Deputado da Nação eleito pelo círculo eleitoral da Brava, e enquanto cidadão Bravense, venho por esta via publicamente dirigir-me a V. Excias, perante a periclitante situação da saúde e dos transportes marítimos na Brava.
Infelizmente a cada dia somos confrontados com casos de prejuízos demasiadamente avultados provocados à nossa querida Ilha, para que fiquemos impávidos e serenos perante o sofrimento generalizado da nossa população.
Sr. PM e Srs. Ministros,
Excelências,
Antes de mais esta missiva não tem como propósito buscar culpados, pois não há governo que não tenha sua cota parte de culpa pela situação dos transportes que vem preocupando a já difícil situação dos habitantes da Ilha Brava, por isso, não dirijo este apelo com nenhum objetivo outro que não o de chamar a atenção de V. Excias para a urgência de se retomar os objetivos iniciais de manutenção de um transporte que pernoite na Ilha, como única via para se minimizar os prejuízos provocados pela distância que separa a Ilha Brava do Hospital Regional criado para, também, servir a sua população, e cremos que esta situação merece já uma imediata intervenção do Governo.
Excelências, a nossa Ilha hoje amanheceu novamente triste e consternada por mais uma vida que se perdeu pela precariedade da situação dos transportes existentes, sendo este último caso referente a um jovem adolescente que veio de férias dos EUA, e que, apesar dos esforços dos amigos e familiares para se recorrer a pequenas embarcações, entre avarias e a falta de outras opções, não foi possível fazê-lo chegar a tempo ao hospital regional do Fogo, vindo a falecer. Para a enorme tristeza da Ilha Brava.
Estamos todos cientes das dificuldades governativas e dos desafios que o mundo precisa vencer com as recentes situações que despertam a intervenção dos países para contenções e medidas de proteção para garantir a estabilidade, porém, como se pode perceber, numa ilha que não conta com recursos internos instalados que evitem a constante necessidade de evacuações, a normalização dos transportes, ou ao mínimo a continua redução dos dias sem transportes, é a via mais próxima de se garantir o acesso ao estabelecimento de saúde mais adequado.
Por isso, diante do quadro atual, faz-se necessário, perante a demora de se criar condições técnicas para que o estabelecimento de saúde da ilha possa tratar os casos que tem exigido evacuações, lidar com a precariedade dos transportes na Brava como uma situação emergencial; que mereça medidas de intervenção imediata, para que não haja mais perda de vidas humanas na ilha por falta de transporte.
Para tal, reiteramos, é necessário que se trate a questão das evacuações como medida urgente, que exija a utilização de qualquer meio que esteja disponível no país, o que envolve a própria mobilização dos recursos inclusive da Polícia Nacional, que recordamos tem uma embarcação na Ilha que poderia servir para este propósito.
Bem sabemos que este recurso da Polícia Nacional não foi pensado para este fim, por ter algumas limitações, mas pode ser adaptado para o efeito, tornando-o mais protegido nas laterais e assim poder ajudar a ilha a poder ter um recurso para os casos extremos como este triste episódio.
É que excelências, se os botes e pequenas embarcações de pesca tem sido a via de utilização até pela Delegacia de Saúde, para enfrentar o mar de nosso já conhecido canal, porque não melhorar os meios que existem para salvar vidas. E veja-se que neste fatídico dia havia boas condições marítimas, porém não havia nenhum recurso disponível, e a população continuamente vê esta embarcação da Polícia Nacional no porto da furna e se questiona sobre a sua real utilidade, podendo servir a ilha para muito mais.
Sem falar na possibilidade do navio das forças armadas poder ser alocada à Ilha Brava, para que, até que a situação seja estabilizada, a população se sinta mais segura para qualquer caso de urgência ou emergência. Sendo um dos navios mais rápidos em Cabo Verde, que poderá de forma segura apoiar a nossa população. E cremos que o Governo poderia arcar com este custo sem pôr em risco a estabilidade governativa. Podendo ser determinado que nos dias em que não haja navio no porto, este pernoite na ilha.
Outrossim, é necessário que o navio Kriola ou Liberdade voltem a ter que pernoitar na Ilha, como era exigência anterior, pois garante que diariamente os habitantes da ilha tenham uma primeira alternativa que nos ligue em 30 minutos ao hospital regional.
Por fim, decorridos vários anos da instalação dos equipamentos para a averiguação das condições para a construção de um aeródromo para a ilha, cremos ser necessário que a população saiba a decisão definitiva do governo quanto a esta questão.
Não desmerecemos todo o esforço que todas as autoridades têm feito para que se retire a ilha da condição de ser a ilha mais periférica de nosso país, mas há que se tomar medidas mais enérgicas para que se alcance o mínimo para que a população possa se sentir parte de cabo verde.
O povo da Brava clama pela intervenção de V. Excias.
Cidade de Nova Sintra, 01 de Agosto de 2022
O Deputado Nacional
Clovis Silva