Empresa pública cabo-verdiana Emprofac com prejuízos em 2021

“O ano de 2021 foi atípico para a Emprofac. Fruto de um conjunto de situações, nomeadamente roturas de ’stocks’, atrasos na adjudicação do plano de compras, volume elevado de inutilizações e funcionamento ineficiente do órgão de gestão durante o primeiro semestre do referido ano, impactaram negativamente o desempenho da empresa”, lê-se na mensagem do conselho de administração que consta do documento.

As vendas da Emprofac, empresa pública com a responsabilidade exclusiva da importação de medicamentos em Cabo Verde, caíram 17% em 2021, para quase 2.107 milhões de escudos (19 milhões de euros), após o pico histórico de mais de 2.500 milhões de escudos (22,6 milhões de euros) no ano anterior.

“Essa redução deveu-se ao regresso à ’normalidade’ em termos de demanda dos produtos de combate à pandemia, nomeadamente os equipamentos de proteção individual [EPI], os desinfetantes, os materiais e equipamentos de laboratórios, que contribuíram para o aumento significativo das vendas no ano de 2020”, refere ainda o relatório e contas.

A empresa apresentou um prejuízo de 51,2 milhões de escudos (463 mil escudos) em 2021, contra os lucros dos anos anteriores, quase 137 milhões de escudos (1,3 milhão de euros) em 2020, 201,5 milhões de escudos (1,8 milhão de euros) em 2019 e cerca de 199 milhões de escudos (1,8 milhão de euros) em 2018.

A administração justifica este desempenho negativo “essencialmente” com as “inutilizações de medicamentos”, em casos de “validade expirada”, e com “ajustamentos registadas em inventários, que ascenderam em 2021 ao montante global de 256.322.274 escudos [2,3 milhões de euros]”.

“A pandemia de covid-19 influenciou negativamente as vendas de medicamentos, com uma redução superior a 15% face ao ano anterior”, recorda a empresa, explicando também que em 2019 registaram-se “várias situações de indisponibilidade” de certos medicamentos em especial os anti-hipertensivos, devido à “escassez de matérias-primas, recolha de lotes por inconformidades diversas, e proibições de exportação” por Portugal, o principal mercado abastecedor de Cabo Verde.

“Como reação às situações de ruturas de ‘stock’, a empresa constituiu, na altura, ‘stocks’ desses produtos superiores aos que normalmente dispunha, tendo em conta a procura registada”, justifica ainda a empresa.

A contribuir para o desempenho financeiro em 2021 a administração aponta igualmente os prejuízos com o negócio das máscaras para proteção facial, de uso obrigatório devido à covid-19.

“No início da pandemia (2020), a Emprofac adquiriu uma grande quantidade de EPI (máscaras comunitárias, cirúrgicas e outros) e que continuam em ‘stock’ atualmente”, lê-se.

Após “análise comercial”, a Emprofac constatou que os preços médios de custo estavam em 2021 “acima dos preços de venda no mercado de Cabo Verde” e que as máscaras comunitárias – adquiridas pela Emprofac, por portaria do Governo, a produtores cabo-verdianos por 170 escudos (1,53 euros) por unidade – “não têm tido procura”, dado que os consumidores optaram por máscaras cirúrgicas adquiridas em média a 10 escudos (nove cêntimos) por unidade.

A Emprofac é uma das empresas públicas que o Governo de Cabo Verde pretende privatizar e a administração admite que no relatório e contas que para que “volte a ter um bom desempenho”, vai “reajustar a estrutura orgânica a nível de compras, logística e comercial”, introduzir “inovações” na gestão dos inventários e das compras, diversificar a oferta de produtos na cadeia de valor da saúde e dinamizar a força de vendas, entre outras medidas.

A Semana com Lusa

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