JPAI acusa Governo de anunciar medida para despedir 600 enfermeiros

Esta denúncia foi feita em conferência de imprensa pelo membro da Comissão Política Nacional da JPAI, Eder Brito, que frisou que os enfermeiros deram uma “incansável entrega ao serviço da nação cabo-verdiana”, no combate à pandemia da covid-19, “foram infectados”, “colocaram as suas vidas em risco” e muitos “têm prestado serviços de saúde nos curativos, na maternidade, na pediatria, nos cuidados intensivos”.

Mas criticou, apesar dessa incansável entrega e profissionalismo, o Governo do Movimento para a Democracia (MpD) anuncia uma medida para mandar para casa mais de 600 enfermeiros, maioria jovens.

“É de se estranhar que, apesar dessa incansável entrega, profissionalismo, dias de isolamento, com, às vezes, um enfermeiro por centro de isolamento profilático, com enfermeiros que, devido à sua intensa exposição profissional ao vírus, foram, pelo menos, três vezes, infectados com a covid-19- e, por vezes com sintomas graves”, lembrou.

Segundo Eder Brito, o momento é de “extrema dificuldade nacional” devido à inflação dos preços de produtos e serviços essenciais, pelo que pediu esclarecimentos ao ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, e ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, apelando-os que repensem essa medida. Isto porque, salientou, um Governo preocupado com os seus nacionais não pode instigar e promover a precariedade laboral e muito menos o desemprego jovem.

“A presente medida demonstra uma tremenda falta de sensibilidade do Governo, principalmente do ministro da Saúde com a sua própria classe de prestadores de serviço de saúde” considerou Eder Brito, acrescentando que esperava que “o ministro da Saúde protegeria a sua classe, porém, não é o que se observa”.

O membro da Comissão Política da JPAI lamentou, igualmente, que “o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, nada tenha feito para impedir esse descarte massivo de mão-de-obra jovem, qualificada e profissional cabo-verdiana”.

Conforme o jovem político, a maioria dos enfermeiros tinha a obrigação de permanecer em um local de trabalho específico, horários de trabalho pré-definidos, e alguns, inclusive, tiveram férias, apesar de usarem a terminologia descanso. Pelo que, analisou, fica a dúvida de até que ponto a relação laboral existente entre os enfermeiros e o Ministério da Saúde era meramente de prestação de serviços.

Segundo o integrante da Comissão Política Nacional da JPAI estes argumentos estão expostos numa carta aberta enviada ao Ministério da Saúde pelos enfermeiros e enfermeiras com reivindicações de salários em atraso, férias remuneradas, falta de descanso e folgas semanais, exaustão física e mental, sobrecarga de trabalho, serviços realizados sem pagamento.

Costa ainda da carta reivindicações sobre a falta de subsistência medicamentosa e de serviços médicos especializados, condições precárias de serviços, exposição a danos e agravos à saúde individual e novos concursos entre outros. A Semana com Inforpress

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