Cabeólica investe 33 ME para aumentar capacidade de parques eólicos cabo-verdianos

O projeto prevê a instalação de aerogeradores com uma capacidade total de 13 MegaWatts (MW) no parque eólico do monte São Filipe, na ilha de Santiago, duplicando neste caso a produção de eletricidade na capital, segundo dados do Governo cabo-verdiano.

O plano de expansão, que já levou à assinatura, em 23 de setembro, de um memorando de entendimento entre a Cabeólica e o Ministério da Indústria, Comércio e Energia de Cabo Verde, prevê ainda a instalação de duas baterias de armazenagem da eletricidade produzida nos parques eólicos da empresa, com capacidade de 5 MW, nas ilhas de Santiago e do Sal.

A Cabeólica conta com uma potência instalada de 25,5 MW, com 30 turbinas eólicas distribuídas pelos parques nas ilhas de Santiago (11), Sal (09), São Vicente (07) e Boa Vista (03), pelo que o reforço de 13 MW na Praia representa um aumento de 50% na capacidade total de produção.

“É um investimento que se enquadra dentro da estratégia da transição energética do país e vai permitir também atingirmos os 30% em 2025, que é a nossa meta de penetração de energias renováveis estabelecida no plano do setor elétrico que foi aprovado em 2018”, afirmou o ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, após a assinatura do memorando de entendimento com a Cabeólica.

Acrescentou que além deste plano de expansão, há outros projetos com produtores independentes já adjudicados, que irão permitir ao país ultrapassar os 30% de penetração de energias renováveis, face aos atuais cerca de 20%.

“A capacidade de produção eólica aqui na Praia irá duplicar e em termos de volume de energia o incremento será ainda muito mais significativo, tendo em conta os investimentos que serão feitos também nas baterias”, sublinhou o ministro, sobre o plano de expansão da Cabeólica, avaliado em 33 milhões de euros e com conclusão prevista para 2024.

Os parques da Cabeólica resultaram de um acordo de parceria público-privada, de 2008, entre a InfraCo Africa Limited, o Governo e o grupo estatal Electra, e seis anos depois atingiu o seu recorde, garantindo cerca de 24% da eletricidade consumida no arquipélago, tornando Cabo Verde num dos países com a maior taxa de penetração de energia eólica no mundo.

Atualmente, 50% do capital próprio da Cabeólica está nas mãos da AFC Equity Investments, uma subsidiária detida a 100% pela Africa Finance Corporation (AFC), seguindo-se a African Energy Transition, com 44% - adquirida em outubro de 2021 por aquela empresa do grupo dinamarquês AP Moller Maersk -, pertencendo ainda 3,75% ao grupo estatal cabo-verdiano Electra e 2,25% ao Estado de Cabo Verde.

Segundo o relatório e contas da Cabeólica, noticiado anteriormente pela Lusa, o resultado líquido da empresa passou de cerca de 206 milhões de escudos (1,8 milhões de euros) em 2020 para mais de 310 milhões (2,8 milhões de euros) no ano passado.

Em 2020, devido às repercussões económicas da pandemia de covid-19, a produção dos quatro parques eólicos da Cabeólica em Cabo Verde caiu 17,3%, para 64.926 MWh (Megawatt-hora), aumentando em 2021 para 72.343 MWh.

Em 2019, antes dos efeitos da pandemia, a Cabeólica registou lucros de 277 milhões de escudos (2,5 milhões de euros).

As vendas de eletricidade da Cabeólica à rede pública, através da empresa estatal Electra, caíram em 2020 quase 7%, para 1.172 milhões de escudos (10,6 milhões de euros), num ano “marcado pela forte redução da procura, sobretudo nas ilhas turísticas do Sal e da Boa Vista, em resultado da pandemia de covid-19”.

Contudo, em 2021, essas vendas cresceram para quase 1.231 milhões de escudos (11,1 milhões de euros), segundo o relatório e contas da empresa.

O turismo representa 25% do Produto Interno Bruto de Cabo Verde, mas o setor esteve praticamente parado de março de 2020 até ao quarto trimestre de 2021, devido às restrições nacionais e internacionais para conter a pandemia de covid-19.

A Semana com Lusa

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