Cabo Verde tinha 1.626 embarcações de pesca e 4.062 pescadores em 2021 - estudo

De acordo com os dados definitivos do V Recenseamento Geral das Pescas, apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o arquipélago contava em finais do ano passado com 1.463 embarcações artesanais, 127 embarcações semi-industriais e industriais e 36 embarcações de pesca de recreio.

“Ao nível nacional, a ilha de Santiago possui a maior parte dos botes (embarcações artesanais), com 33,4%, seguida pelas outras ilhas com percentagens entre 11,6 e os 6%, exceto a ilha do Maio, com a menor percentagem (5,1 %) do número total”, segundo o estudo.

No que diz respeito ao número de barcos semi-industriais e industriais, a ilha de Santiago também continua a dominar as percentagens (42%), seguida por São Vicente (22,8%) e das outras ilhas cujas percentagens se situaram abaixo de 10,2%, em destaque para a ilha do Maio onde não há registo de existência deste tipo de embarcação.

Dos 36 barcos de recreio, a maioria (27) esteve inativo no período da recolha dos dados, enquanto nove estavam em atividade, sendo sete no Sal e um cada no Maio e no Fogo.

O recenseamento contabilizou ainda o total de armadores de embarcações de pesca e concluiu que a maioria (35,7%) está na ilha de Santiago, sendo que a percentagem das outras ilhas se situa abaixo dos 11%.

De acordo ainda com os dados do INE, na pesca artesanal há 3.023 pescadores e 1.039 pescadores armadores e este campo é dominado por homens que perfazem 99,8% do total, contra 0,2% de mulheres.

Ainda de acordo com o documento, os homens dominam na quantidade de tratadores de peixe (95%), mas no que diz respeito aos vendedores, as mulheres estão em maioria, com 86% dos 1.881 agentes, sendo a ilha de Santiago com maior número de vendedores peixe (61,8%).

Os dados foram recolhidos de 22 de novembro a 7 de dezembro de 2021, em todas as comunidades piscatórias, nos portos de armamento e de embarcações de pesca, unidades de negócio e infraestruturas das pescas, para atualizar o último recenseamento das pescas em Cabo Verde que foi realizado em 2011.

Para o ministro do Mar, Abraão Vicente, o estudo tem como finalidade capacitar as instituições do país para que haja melhores tomadas de decisão e que irá auxiliar este e os futuros Governos.

“Não há economia azul sem dados e não há como avaliar a evolução da economia azul, da marítima, da própria preservação dos oceanos, da qualidade e quantidade de recursos disponíveis nos nossos mares, não havendo dados. É por isso que de certa forma é histórico este momento porque permite aos governos um ponto de partida com alguma qualidade de dados para percebermos a localização das embarcações de pesca, a localização dos pescadores e das peixeiras”, sublinhou.

Para o governante, o censo mostra uma dinâmica nacional que vai muito além das decisões políticas.

“Por exemplo, a grande concentração de barcos na ilha de Santiago, ao invés da ilha de São Vicente, como se realça normalmente. Inexistência de infraestruturas de pesca de qualidade que precisamos para alavancar o setor pesqueiro, a necessidade de um maior apoio à formação das entidades, das empresas e das personalidades jurídicas ou não que desempenham o seu papel no setor das pescas”, especificou.

Abraão Vicente disse que os números apontam “uma grande discrepância”, tendo em conta o contributo que as pescas dão para a economia e para a exportação nacional, face ao baixo investimento dos últimos 47 anos (desde a independência nacional) no setor e nas infraestruturas de apoio.

“É preciso melhor qualidade de infraestruturas de pesca aqui em São Vicente como centro escolhido politicamente, mas também umbilicalmente, por Cabo Verde como o centro da economia azul, é preciso um melhor cais de pesca, infraestruturas de pesca e é necessário apresentar e aproveitar as bancas naturais de pesca que temos”, desafiou o ministro, sobre um setor que contribui para mais de 80% das exportações de Cabo Verde.

Com uma superfície de 4.033 quilómetros quadrados (km2), o arquipélago de Cabo Verde está espalhado por uma área de aproximadamente 87 milhas (140 km) de raio, com cerca de 1.000 km de costa e uma área marítima de responsabilidade nacional de 734.265 km2, que inclui as águas arquipelágicas, o mar territorial, a zona contígua e a Zona Económica Exclusiva. A Semana com Lusa

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