Cabo Verde em contacto com companhias aéreas do Senegal e Costa do Marfim sobre TACV - ministro

Nós estamos agora a trabalhar nesse sentido, para voltar a dar gás a esta companhia e trazer mercado. Estamos a trabalhar com eventuais parceiros para voltar a associar o crescimento e a retoma da TACV ao lançamento da plataforma aérea do Sal, que são dois ativos importantes que nós temos no desenvolvimento do país”, afirmou o ministro Carlos Santos, ao ser ouvido pelos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à privatização da companhia aérea cabo-verdiana.

A Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) foi vendida (51%) a investidores islandeses e renacionalizada em julho de 2021 devido à pandemia de covid-19, tendo retomado os voos apenas em dezembro do ano passado.

Nós temos estado em contacto com as empresas desta costa ocidental de África. Já fizemos convites a Air Senegal, à Air Cote d’Ivoire, numa estratégia de criar aqui escala, procurando uma aliança com essas empresas. Temos uma boa relação com a TAAG [de Angola], recentemente eu recebi o presidente da comissão executiva da TAAG precisamente nessa perspetiva de criar uma aliança e ganhar volume e escala para podermos também voltar a pôr a companhia a crescer de uma forma sustentável”, acrescentou o ministro dos Transportes e do Turismo.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines – nome comercial da companhia) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

O governante voltou a defender esta solução, tendo em conta a situação financeira da TACV quando o atual Governo assumiu funções, em 2016, numa crítica à anterior governação do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), alegando a falta de credibilidade da companhia no plano internacional, inclusive com arresto de aviões, antes da entrada dos investidores islandeses.

“Muito daquilo que a empresa conseguiu em 2019 nos aeroportos de outros países foi por conta da Icelandair, porque a TACV no Brasil tinha problemas com os operadores dos aeroportos, tinha problemas com os fornecedores de handling, que não conseguiam negociar senão com pré-pagamento. Vamos aos Estados Unidos é a mesma coisa. Muitas vezes, nesses aeroportos, quem negociava com os operadores era a Icelandair. Portanto, isso é um passivo intangível que nós temos e que acaba por impedir muitas vezes e, aliás, impede e limita qualquer estratégia de crescimento sozinho”, justificou aos deputados o ministro.

Por isso, essa nossa insistência em trazer um parceiro para voltarmos àquilo que era a estratégia de 2019, que é a da reprivatização da empresa, para podermos trazer o mercado para esta empresa, porque sozinhos nós não conseguiremos ir a lado nenhum”, acrescentou.

Para Carlos Santos, a estratégia de então foi a acertada, tendo a TACV, já sob gestão da Icelandair, transportado cerca de 295 mil passageiros em 2019, no cenário anterior à pandemia de covid-19, voando então 11 cidades, na Europa, na América do Norte e na América do Sul.

“Ou seja, estava ali a decalcar aquele modelo que a Icelandair fez com sucesso no Atlântico Norte, entre a América do Norte e a Europa. E havia perspetiva de abrir para outras rotas para além de Milão, Lisboa, Paris”, disse ainda.

Entretanto, o Estado cabo-verdiano vai injetar anualmente mil milhões de escudos (9,1 milhões de euros) na TACV, para garantir a estabilidade e recuperação da companhia aérea, antes de a reprivatizar em 2024, anunciou em setembro o ministro Carlos Santos.

“Até 2024, é a nossa previsão para estabilizar a companhia, ter a companhia apetecível para poder ser privatizada”, anunciou o ministro Carlos Santos, confirmando que nas contas do Governo está prevista uma injeção global de 3.000 milhões de escudos (27,3 milhões de euros), em três anos, incluindo 2022.

A previsão do Governo é privatizar a TACV, renacionalizada em julho de 2021 no âmbito das consequências e restrições provocadas pela pandemia de covid-19, após três anos de apoio, sendo que parte da verba de 9,1 milhões de euros prevista para este ano, de acordo com o ministro, já foi utilizada, nomeadamente para pagar salários na companhia.

“Este é o objetivo que nós temos definido: 2024 [privatização]”, afirmou hoje o ministro do Turismo e Transportes, em conferência de imprensa de balanço da reunião do Conselho de Ministros em que foi aprovada a proposta de resolução que autoriza o acionista Estado a “colocar à disposição” da TACV “recursos financeiros para garantir a estabilidade da empresa”.

Na sequência da paralisação da companhia durante a pandemia, o Estado assumiu em 06 de julho de 2021 a posição de 51% na TACV, alegando vários incumprimentos na gestão, e dissolveu de imediato os corpos sociais, detendo atualmente 90% do capital social.

A TACV retomou as operações, após a suspensão de todas a atividade em março de 2020 devido à pandemia, inicialmente com voos apenas entre Praia e Lisboa, desde o final de dezembro. Com apenas uma aeronave, os voos foram alargados já este ano das ilhas de São Vicente e do Sal para a capital portuguesa. A Semana com Lusa

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