Cabo Verde quer usar portal do professor de português da CPLP como “recurso estratégico”
A ideia foi avançada à Lusa por Fátima Fernandes, diretora da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), que organiza as VIII Jornadas de Língua Portuguesa – Investigação e Ensino, numa parceria com o Ministério da Educação e pelo Camões - Centro de Língua Portuguesa na Cidade da Praia.
O Portal do Professor de Português Língua Estrangeira / Língua Não Materna (PPPLE) é uma plataforma online, que oferece aos professores e interessados recursos e materiais para o ensino e a aprendizagem do português como língua estrangeira/língua não materna.
Além de recomendar o uso da plataforma online da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que considera ser um “instrumento importante”, a também pró-reitora para a Política Estudantil, Ação Social e Extensão da Uni-CV avançou que o encontro poderá vir a recomendar a promoção de feiras de livros nas localidades, encontros de escritores, levar os escritores à sala de aula ou criar debates entre os estudantes sobre a língua cabo-verdiana.
“Para se desmistificar essa questão das variantes que são mais faladas e as menos faladas”, explicou a responsável, sobre o encontro de quatro dias que reúne professores do ensino básio e secundário e estudantes dos cursos de Língua Portuguesa, Estudos Cabo-verdianos e Portugueses e de Línguas Literaturas e Culturas da universidade pública de Cabo Verde.
Tendo como lema “Planificação: outras práticas e novos caminhos para a educação da linguística e literária em Cabo Verde”, o evento vai analisar novas orientações programáticas no âmbito das disciplinas de Língua Portuguesa (Ensino Básico e Ensino Secundário), de Língua e Cultura Cabo-verdianas (10.º ano) e de Literaturas em Língua Portuguesa (10.º ano).
As jornadas acontecem numa altura em que Cabo Verde está a realizar uma reforma no Sistema Educativo Nacional, com revisão curricular, foco na qualidade e reforço do ensino das ciências, tecnologias, matemática, humanidades e línguas, conforme anunciou em julho o ministro da Educação, Amadeu Cruz.
Relativamente às línguas, o ministro disse na altura que as novas matrizes colocam ênfase no reforço do ensino do português, enquanto língua oficial e matricial do sistema educativo, como disciplina obrigatória do 1.º ao 12.º anos de escolaridade.
De acordo com a diretora da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa, o tema das jornadas tem a ver com o contexto atual, que coloca desafios que levam a uma necessidade de adaptação sobre as formas de ensino da língua de Camões.
“Temos situações em que temos de refletir sobre metodologias e estratégias de ensino e aprendizagem que possam levar ao cumprimento dos nossos objetivos. Não é que as práticas não sejam das melhores, é uma questão de adaptação e também de respeito pelo contexto em que os nossos professores atuam”, frisou a professora Fátima Fernandes.
Na quarta-feira, o presidente da Assembleia da República Portuguesa, Augusto Santos Silva, vai proferir uma conferência sobre “O Futuro da Língua Portuguesa: Das questões de soberania às trocas culturais", no âmbito das jornadas, que decorrem em regime online e presencial.
A Semana com Lusa