Cabo Verde quer antecipar meta de 50% de energias renováveis prevista para 2030

A transição energética será acelerada. Cerca de 40 MegaWatts de nova capacidade, solar e eólica será concluída em 2023”, afirmou Ulisses Correia e Silva, na abertura do debate no parlamento, na generalidade, da proposta do Orçamento do Estado para o próximo ano.

Com a Cabeólica foi assinado um memorando de entendimento para aumentar a capacidade de produção eólica no país, aqui na Praia, de 11 para 24 MegaWatts, o projeto estruturante da central de bombagem hídrica de Santiago está em preparação para funcionar em 2026”, acrescentou.

As centrais térmicas garantem atualmente cerca de 80% da energia elétrica produzida em Cabo Verde, não tendo o país qualquer capacidade de refinação, importando esses combustíveis, fatura que disparou nos últimos meses devido à crise inflacionista provocada pela guerra na Ucrânia.

Segundo Ulisses e Correia e Silva, um “forte plano de eficiência energética, através de gestão e tecnologias eficientes, consumos mais eficientes e redução de perdas” vai ser implementado igualmente em 2023.

Com os projetos solares adjudicados a produtores independentes para as ilhas do Sal, Boa Vista e São Vicente, os projetos solares de pequena dimensão nas restantes ilhas que estão em execução, com estes investimentos estarão criadas as condições para ultrapassar 30% da penetração das energias renováveis em 2025”, apontou.

Com os projetos estratégicos já identificados e em fase de negociação com os parceiros estarão criadas as condições para Cabo Verde ultrapassar a meta de 50% de energias renováveis em 2030 e talvez antes”, acrescentou o primeiro-ministro.

Reconheceu ainda que a transição energética “é uma grande oportunidade para investimentos privados, criação de empregos”, num mercado “com um bom quadro regulatório, incentivos fiscais e financeiros e oferta de recursos humanos qualificados através do serviço”.

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020.

Com alguma retoma da procura turística, o país cresceu 7% em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo cabo-verdiano reviu de 6% para 4% a perspetiva de crescimento económico em 2022, mas no final de outubro o Banco de Cabo Verde admitiu que o crescimento do PIB este ano poderá, afinal, ser superior a 8%.

Cabo Verde espera um crescimento de 4,8% do PIB em 2023 e uma inflação inferior a 4% - metade da registada este ano -, de acordo com as previsões que constam dos documentos de suporte à proposta de lei do Orçamento do Estado de Cabo Verde.

A proposta de Orçamento do Estado para 2023, entregue pelo Governo ao parlamento em 03 de outubro, está avaliada em cerca de 77,9 mil milhões de escudos (705 milhões de euros).

A Semana com Lusa

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