Um quarto da eletricidade produzida em Cabo Verde em três meses dada como perdida

De acordo com os dados da Electra relativos ao período de julho a setembro de 2022, consultados hoje pela Lusa, a empresa produziu 346.390.022 kWh (QuiloWatt-hora) de eletricidade, dos quais vendeu 225.975.873 kWh.

Cerca de 80% da produção de eletricidade em Cabo Verde é garantida por centrais térmicas, a combustíveis fosseis, que neste período, segundo a Electra, consumiram 12.060.367 litros de gasóleo, 7.702.316 litros de Fuel 180, 46.169.410 litros de Fuel 380 e 29.353 litros de MDO.

“As perdas totais de eletricidade foram de 86.093.986 kWh (24,9% da produção nacional)”, lê-se no relatório da Electra, empresa cujo processo de privatização deverá arrancar em 2023, segundo o calendário definido pelo Governo.

A empresa terminou o terceiro trimestre de 2022 com 164.607 clientes ativos de eletricidade e 32.695 clientes ativos do serviço de água, que também produz e distribui (5.678.864 metros cúbicos naquele período).

A Lusa noticiou em novembro passado que o Banco Europeu de Investimento vai financiar com 110 milhões de escudos (um milhão de euros) um programa para reduzir em 5,5 pontos percentuais as perdas de eletricidade na rede pública de distribuição em Cabo Verde em 2023.

A redução de perdas em 5,5 pontos percentuais alivia significativamente o custo energético no país. Atualmente, cada 1% de perdas representa um volume de energia não faturado de 190 mil contos [190 milhões de escudos, 1,7 milhões de euros] por ano”, sublinha o Governo, nos documentos de suporte à proposta do Orçamento do Estado para 2023.

Segundo o executivo, esta redução de perdas “evita um custo adicional anual na fatura energética de 1,05 milhões de contos [mil milhões de escudos, 9,5 milhões de euros]”,.

Cerca de um quarto de toda a eletricidade produzida em Cabo Verde anualmente é dada como perdida, nomeadamente por furtos na rede, ficando por faturar, de acordo com dados oficiais do grupo estatal Electra.

Nos documentos orçamentais, o executivo refere a prioridade de avançar no próximo ano com o programa de redução de perdas em eletricidade e melhoria de qualidade de energia, financiado pelo Banco Europeu de Investimento.

De acordo com o documento, “esses furtos geram perdas consideradas, que são repassadas, em parte, aos consumidores, com o aumento das contas de energia elétrica e de água”.

Além de reforçar e executar as medidas legislativas já tomadas, impõe-se a adoção de medidas técnicas e comerciais assertivas, nomeadamente de intervenção nas redes de distribuição de eletricidade e de controlo dos aparelhos de medição, de modo a combater as perdas na energia elétrica”, sublinha-se.

Entre as medidas previstas pelo Governo estão a “utilização de recursos tecnológicos, massificação da utilização de contadores inteligentes, aceleração dos processos relacionados com o roubo de energia, aceleração da transição energética e comunicação e sensibilização”.

O projeto destina-se aos laboratórios da Electra, empresa pública de produção e distribuição de eletricidade, tendo em vista a remodelação e o reforço das redes de baixa tensão, aquisição e instalações de contadores, remodelação e adaptação das redes de baixa tensão ao sistema pré-pago, limitadores de potência para clientes de baixa tensão e desenvolvimento do sistema de gestão de redes nas ilhas de Santiago, São Vicente e Sal.

Tem como objetivo o apoio ao Governo na introdução de 50% de energia renovável na rede e na melhoria da qualidade de energia. Redução de perdas de eletricidade e aumento da qualidade de energia são os resultados esperados”, refere-se igualmente no documento.

Quase 82% da eletricidade produzida em 2021 em Cabo Verde pela Electra foi garantida através de centrais térmicas, mas mais de um quarto foi dada como perdida, ficando por faturar, segundo o relatório e contas do grupo estatal.

De acordo com o documento, que a Lusa noticiou anteriormente, o grupo Electra produziu em 2021 um total de 441,6 GigaWatts-hora (GWh) de energia, sendo 81,7% de origem térmica, 16,7% eólica e 1,5% solar.

Globalmente, trata-se de um aumento de produção de 5,3%, face a 2020, impulsionado pelo parque eólico do grupo em São Vicente, em 15,4%, e pelos dois parques solares (Santiago e Sal), em 4,5%, enquanto as 14 centrais térmicas espalhadas pelo arquipélago produziram mais 3,5%.

A empresa destaca que as perdas de eletricidade globais, técnicas e não técnicas - sobretudo furto -, em todo o país, atingiram em 2021 os 112,432 GWh, representando 25,5% da produção, ainda assim uma descida face aos 26,1% dados como perdidos em 2020.

A Semana com Lusa

Categoria:Noticias