PR de Cabo Verde pede “corrente positiva” para a inclusão de pessoas com deficiência
Ao discursar na abertura de um seminário sobre a inclusão, realizado em Santa Catarina, na ilha de Santiago, numa parceria entre Cabo Verde, Portugal e Brasil, o chede de Estado lembrou que antigamente as pessoas com deficiência eram escondidas ou ostracizadas.
Entretanto, reconheceu que já se percorreu um “longo caminho”, e hoje ganharam mais visibilidade e os seus direitos já são defendidos, embora tenha constatado que ainda há uma “grande disparidade” na concretização dos seus direitos.
Por isso, considerou ser “imperioso” estabelecer redes de pessoas e ações que possibilitem uma “corrente positiva” voltada para a inclusão, a nível nacional e internacional.
“E, neste caso, as universidades podem desempenhar um papel fundamental, pois ajudam a compreender os problemas e a encontrar as melhores soluções para os casos de inclusão”, entendeu o mais alto magistrado da Nação cabo-verdiana.
“Felizmente, é de realçar os esforços da sociedade, das igrejas, ONG, escolas, cidadãos, todos, numa luta para incluir aqueles que têm condições especiais, contribuindo para a sua inclusão. Esta atitude deve ser tomada com um autêntico espírito de missão”, completou.
De acordo com os dados do Censo da População de 2021, cerca de 47 mil cabo-verdianos vivem com algum tipo de deficiência, notou José Maria Neves, que chamou atenção ainda para as pessoas que vivem com doença mental, considerando que são as mais estigmatizadas.
“E a forma como a sociedade trata os doentes mentais que circulam pelos nossos centros urbanos, deixa muito a desejar, e contribui para o agravamento do seu estado de saúde”, constatou, afirmando que estas ocorrências mostram a necessidade de se combater estereótipos e práticas nocivas em relação a pessoas com deficiência.
“De forma a conseguir uma maior humanização, afastando a estigmatização, a marginalização e a exclusão social”, apontou, referindo que o país tem hoje legislação avançada para uma melhoria significativa da condição de vida das pessoas com deficiência.
Pedindo ainda o direito ao acesso à educação e à saúde de todas as pessoas com deficiência, bem como serem admitidas no mercado de trabalho, José Maria Neves alertou que os deficientes ainda enfrentam imensos obstáculos no que respeita a acessibilidades.
“Temos um grande desafio de propiciar acesso sem barreiras, aos edifícios públicos, estabelecimentos de ensino, instalações médicas, locais de trabalho, moradias, meios de transportes públicos”, enumerou Neves.
Sob o tema “Inclusão em rede (s) – Perspetivas entre Portugal, Brasil e Cabo Verde”, o seminário é organizado pela Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), o Politécnico de Leiria e a Associação Colmeia, de Cabo Verde.
Este evento decorre dos protocolos de colaboração entre as três instituições e pretende fomentar o diálogo e ser um espaço de partilha e divulgação de boas práticas na área da inclusão e acessibilidade.
Educação inclusiva, tecnologias da informação e comunicação para a inclusão, comunicação acessível, inclusão pelas artes e cultura, saúde e bem-estar para todos são alguns dos temas em discussão durante os dois dias de trabalho. A Semana com Lusa