Reservas de Cabo Verde caíram mais de 10% em quatro meses
De acordo com dados do Banco de Cabo Verde (BCV) compilados hoje pela Lusa, essas reservas ascendiam a mais de 58.843 milhões de escudos (532,4 milhões de euros) em novembro de 2021 e subiram para o valor mais alto em vários meses em julho do ano passado, chegando então a 70.105 milhões de escudos (634,3 milhões de euros).
Contudo, de julho para novembro, essas reservas – em moeda estrangeira, necessárias para pagar bens e serviços ao exterior - caíram 10,7%, para menos de 62.581 (566,1 milhões de euros).
O banco central cabo-verdiano esperava um crescimento de 26 milhões de euros nas RIL até este ano, apesar das consequências da crise inflacionista provocada pela guerra na Ucrânia.
“Com efeito, prevê-se que, em 2022, o ’stock’ das RIL do país aumente em torno dos 18 milhões de euros, garantindo 6,8 meses de importações e, em 2023, em torno dos oito milhões de euros, garantindo 6,3 meses de importações de bens e serviços projetados”, lê-se no mais recente relatório de política monetária de outubro, noticiado anteriormente pela Lusa.
Os efeitos da inflação “importada” – Cabo Verde importa cerca de 80% dos alimentos que consome e recorre a combustíveis fósseis importados para produzir 80% da eletricidade de que necessita – devem reduzir o crescimento dessas reservas, segundo o BCV.
“Refletindo os preços elevados das matérias-primas energéticas e dos alimentos no mercado internacional, bem como, as pressões decorrentes da reabertura da economia e das restrições na oferta, os preços no consumidor deverão aumentar até o final do ano, podendo a taxa de inflação média anual atingir os 8,1% em 2022. Para 2023, espera-se que a taxa de inflação média anual reduza para os 4,2%, tendo em conta o decréscimo dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares em linha com a evolução dos preços dos futuros”, justifica ainda o banco central.
As RIL cabo-verdianas aumentaram 20% no último trimestre de 2021, para quase 623 milhões de euros, garantindo então mais de oito meses das importações de bens e serviços, segundo dados anteriores do BCV.
Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19. Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística.
Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo baixou em junho a previsão de crescimento de 6% para 4%, que, entretanto, voltou a rever, para mais de 8% e já no final do ano para 10 a 15%. A Semana cm Lusa