Campanha promocional da Águabrava visa religação de perto de mil clientes com fornecimento suspenso
O diretor-delegado da Águabrava, Rui Évora, em entrevista à Inforpress, disse que o conselho da administração da empresa decidiu na sua última reunião isentar os clientes com serviço de fornecimento de água suspensa da taxa de religação, já que os clientes que estão com serviço suspenso são famílias de parcos recursos.
“Tem havido um crescimento de clientes ao longo dos últimos quatro anos, passando de cerca de 13 mil em 2019 para 16.500 clientes em 2022, representando um crescimento na ordem dos 26 por cento (%)”, avançou Rui Évora.
O responsável indicou que a empresa regista um aumento de número de clientes com serviço de água suspenso por falta de pagamento, e, por isso, anualmente lança uma campanha promocional para permitir que as pessoas possam regularizar as suas pendências, mesmo que não seja de uma única vez, mas em prestações, para que as ligações sejam feitas sem a taxa de religação, que representa “um valor importante”.
“O número de clientes com serviço de água suspenso, por falta de pagamento, é na ordem dos 970 cerca de 6 % do número total dos clientes. Há uma ligeira tendência de aumento nos últimos quatro anos”, disse Rui Évora indicando que a campanha, por decisão do conselho de administração foi alargada por mais dois meses e termina no final de Abril.
Quanto à possibilidade de a empresa entrar em falência técnica, no futuro, por subsidiar água para agricultura sem a devida compensação, assim como o fornecimento de águas às pessoas do grupo um do Cadastro Social, Rui Évora disse que os resultados dos últimos três anos apontam no sentido contrário.
Porém, lembrou, que o Governo determinou a aplicação de algumas medidas adicionais para permitir o acesso digno à água às famílias carenciadas e que a empresa aplicou essas medidas durante o seu período de vigência, tendo resultado alguns encargos financeiros suportados pela empresa e que terá de ser ressarcido pelo Governo.
“O processo da apresentação dos justificativos assumidos pela empresa foi remetido à entidade governamental competente e encontra-se em apreciação e ainda a empresa não ressarcida pelas despesas assumidas pela aplicação, quer da tarifa social, quer de medidas adicionais de acesso digno à água às famílias carenciadas”, disse.
“Pelos resultados do exercício dos últimos anos não se verifica nenhuma tendência de falência técnica da empresa, pelo contrário, a empresa com base numa gestão cautelosa e criteriosa sobretudo no fornecimento de água para agricultura, tem obtido resultados líquidos financeiros positivos nos últimos três anos”, advogou o diretor-delegado.
Este lembrou que a responsabilidade assumida pela Águabrava com fornecimento de água da rega comporta “importantes encargos financeiros suportados unicamente pela empresa”, resultante, sobretudo, da enorme diferença entre o custo da produção de água que é de 160 escudos por metro cúbico, e da venda de água de rega que é de 60,8 escudos metro cúbico, resultando daí um “enorme déficit”.
“Infelizmente esta situação não tem permitido aumentar o volume de água fornecido à rega e, consequentemente, atender novos pedidos de ligação de água para rega no sentido de evitar um aumento do déficit financeiro resultante desta enorme diferença”, defendeu Rui Évora.
Neste momento, referiu que os dados indicativos demonstram que a empresa pode reforçar a disponibilidade com a campanha de perfuração em curso, mas será muito difícil para a empresa conseguir aumentar o volume de água fornecido para rega se não forem adotadas soluções que capacitem a empresa a assumir esses encargos financeiros.
Rui Évora lembrou que a água para agricultura e pecuária representa, em termos de volume, cerca de 40 % do volume da faturação da empresa, o que significa, segundo o mesmo, que 40 % água é faturado a 60.8 escudos metro cúbico, cerca de 100 escudos inferior ao custo da produção.
Há dois anos que a empresa não tem autorizado a celebração de novos contratos para ligação de água para agricultura e pecuária e tem pendente cerca de 150 pedidos, número que só não é maior porque os novos contratos encontram-se suspensos.
Neste momento a empresa tem feito uma gestão criteriosa de água para rega, através de fornecimento de forma racionalizada em toda a zona sul, em dias alternados e com determinada quantidade para evitar que o volume de água fornecido para agricultura e pecuária aumente o déficit.
A empresa, segundo o administrador/delegado tem vindo a fazer esforços junto do Governo, através da Agência Nacional de Águas e Saneamento, ANAS, no sentido de adotar uma solução para que a Águabrava possa disponibilizar mais água para agricultura, porque entende que os sectores de agronegócio, agricultura e pecuária constituem uma das maiores potencialidades de desenvolvimento das ilhas do Fogo e da Brava, mas compete ao poder público criar todas as condições para a sua promoção e desenvolvimento.
A Semana com Inforpress